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Mostrando postagens de outubro, 2008

Xenofobia pós-pós moderna

No plano mental/individual podemos posicionar-nos secretamente desde o mais reles racismo até uma atitude de falso igualitarismo. Digo falsa porque existe sempre um radical livre de incomodidade perante o diferente, que me perdoem os que se acham imunes. Se perguntar a qualquer pessoa que já foi vítima de discriminação ela dirá que mesmo os seus mais acérrimos defensores denotam, por vezes, uma atitude diferenciadora. É impossível fugir-lhe porque não somos isentos, não conseguimos deitar fora o peso de uma cultura, de uma formação e das nossas vivências. Não é caso para ficarmos com problemas de consciência. Basta constatarmos e tentar ultrapassar as nossas próprias dificuldades. A transposição para o social do que pensamos esbarra no natural “polimento para a aceitação geral”. Seremos mais ou menos francos consoante grupos, ambientes ou fins da nossa comunicação. Para os que incontrolavelmente acham que o estrangeiro e o diferente são o problema, melhor será reflectirem e verificarem

O Trabalhador refém

Inaugura-se, após a entrevista do Ministro, uma nova forma de trabalho. Já temos o trabalho precário, mal remunerado, escravo, para os nascidos em berço de oiro e agora temos o trabalhador refém. Refém das suas habilitações, do seu interesse e motivação e da sua qualificação. Este funcionário que não pode passar a disponível como os outros porque interessa ao Estado. Sim, este mesmo. Encontra-se em sequestro. Não pode ambicionar maior remuneração, reconhecimento ou formação. Aqui não há lei do Divórcio. Está casado e pronto! Não importa que não seja reconhecido ou valorizado. Não importa que a sua função dependa de respostas de obscuros departamentos do Estado sedeados em Lisboa que nunca o contactam e nunca dão respostas ou recursos e cuja única preocupação é pedir estatísticas absurdas (geralmente de uma Quinta para Sexta-Feira!), deslocadas do real mas dentro da gestão por objectivos orientada de maneira tonta porque desvinculada do real (sim, o pais real, aquele que começa a seguir

A ciência do olho gordo

O futebol é uma paixão sem fronteiras, a ânsia por explicar o mais ou menos inexplicável também. Na sexta-feira o jornal 'O Jogo' noticiava que, no Zimbabué, uma equipa desesperada com os maus resultados recorreu a especialistas. Especialistas em sobrenatural, para-natural, algo condizente com a causa desesperada. Sim porque era mau-olhado, o que aliás se veio a comprovar cabalmente ao tentar solucionar a praga. É que era preciso tomar banho nas águas de um rio. E lá foram os 16 jogadores à banhoca, ansiosos por alcançar as desejadas vitórias. Mas na ansiedade de arrumar o assunto acabaram por notar que do mergulho só voltaram 15. Não sabemos se foi por crise de bocejos que, como toda a gente sabe, é sintoma de mau olhado (e não dá muito jeito para a natação) se foi porque o rio era povoado por crocodilos, bichos com apetite pouco selectivo ou preocupado com coisas do além. Por curiosidade, e eventualmente infundado receio de que alguém se lembre de pôr os jogadores da minha eq

Os cinco cenários da economia mundial após a crise dos mercados

1- Recuperação Fruto das constantes injecções de capitais, as bolsas recuperam a estabilidade gradualmente. Apesar do valor do dinheiro baixar significativamente não há inflacção dada a incapacidade dos consumidores individuais, uma vez que o capital criado é para “limpar investimentos e créditos das grandes instituições. A desaceleração dos mercados (importação/exportação) leva ao arrefecimento comercial e ao crescimento da produção/consumo interno, ancorado na imprevisibilidade dos custos da energia que continua a sofrer oscilações violentas. A pouco e pouco os Estados vão retirando dinheiro do mercado à medida que a liquidez das instituições for aumentando. O acesso ao crédito e investimento passarão por uma fase de evolução lenta e a instalação de maiores mecanismos de controle no mercado não restaurarão a confiança no médio prazo, o que levará a necessidade de aumento da despesa dos Estados com a protecção social ao desemprego e ao aproveitamento das sinergias internas (produtos e

As reformas que se impõem

Se os partidos funcionam por disciplina de voto, então não precisamos de 240 deputados. Bastam 15 para assegurar a proporcionalidade efectiva (embora seja irrelevante, uma vez que os deputados prestam contas aos seus partidos e não ao povo). O hemiciclo não é necessário; qualquer boa sala de reuniões chega, com a óbvia redução de custos em políticos, secretariado, funcionamento, etc.

A dimensão do fracasso

Até agora vi agitarem-se números, sorrisos nervosos, ameaças e receios. Ouvi soluções, meias soluções e iniciativas de mal menor serem analisadas: nenhuma delas é apontada como salvadora, apenas como atenuação das tensões. Li triunfalismos de esquerda, perorando a infalibilidade das previsões marxistas e assustadoras conversões de economistas do sistema em intervencionistas e ascetas liberais que quase defendiam a venda da actividade política aos privados, a fazerem uma penitência humilhante dos benefícios do controle da actividade económica e especulativa (actividade essa – entenda-se - há muito sob o seu controle). De tudo o que pude absorver pesadamente esta última semana, fiquei com algumas certezas: Ninguém sabe a real dimensão do problema; Ninguém sabe o real impacto que provocará; Ninguém sabe o que se seguirá. Para alguns, a principal preocupação é a sustentabilidade das instituições (presumo por preocupação desinteressada nos seus trabalhadores…), para outros é o fim de uma e