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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

Relvas, o Fantasma

Há muitas razões para associar o Ministro Relvas a este herói tão especial. A primeira que me vem à cabeça é o fato de ser um dos primeiros super-heróis a usar uma farda. Trata-se de um traço de militância extrema porque, por norma, os super-heróis vestem fatos extravagantes e de dúbia sexualidade. A segunda é a cor da farda: beringela ou se quisermos ser mais prosaicos, roxo. E porque essa cor é tão relevante? Em primeiro lugar não há exército militante que se lembre de ter uma farda roxa! Matava o inimigo, mas de riso! Depois, porque é uma cor adequada à figura: há algo de místico e messiânico em Relvas para além da má teatralização vocal, algo que evoca a religião e as forças secretas e profundas do submundo. Tal como muitos heróis dos quadradinhos, Relvas habita um mundo imaginário, uma selva de seu nome Lisbogal, vivendo como seria de esperar numa caverna, algures entre a Lapa e S.Bento. Dedica-se a combater o Mal , essa entidade mutante e desfigurada, que de tão indeterminada

Vítor, o super-troika

O seráfico fiscal do reino é o único super-herói do governo com a capacidade de pairar sobre os acontecimentos provocados como se não fosse com ele. Também será o único que imagino a usar collans, não sei se pela figura franzina se pelo ar já de si engraçado. Vítor é um paladino das Agencias Financeiras e das instituições internacionais. Não há agência europeia que não morra de amores pelo senhor, ministro da CE que não lhe pisque o olho, burocrata que suspire à passagem do seu perfume. Arrisco mesmo dizer que Durão Barroso terá os dias contados, se não aderir a trama alemã de lhe por uns tacões, pintar o cabelo de loiro e anexar duas meloas de Almerim e vende-lo ao povo alemão no lugar da Angela. Mas toda a gente quer o nosso super-herói. A principal arma do Vítor é o ataque de taxa que esvazia o vencimento instantaneamente. Também usa por vezes o redutor de deduções, que faz-nos juntar inúmeros papéis que não servem para nada. Também tem outros truques, mas que não veem ao caso. D

Portas: o homem Invisível

Em tempos passados, Portas era um bem-sucedido oposicionista do ainda não filósofo Sócrates. Pela bravata, discurso arrivista, rapioqueiro (uma das palavras mais bonitas do português, que nosso senhor Graça Moura a conserve!) e populismo a rodos andava o que tinha o cognome de “Paulinho das feiras” de terra em terra, de pasto em pasto a apregoar os malefícios do socialista Sócrates; onde havia uma vaca por mugir, uma ovelha a parir e uma rima de moscas de cavalo a flutuar sob o desastre da agricultura nacional, lá estava ele, o Portas, a perorar sobre uma proposta básica, óbvia e incipiente que ninguém irá implementar porque oca de razoabilidade. Era o maior produtor agricola de sound bites,  de discursos de circunstância, de enfeites. Durante muito tempo soubemos que, se havia ajuntamento nas feiras ou era ASAE ou Paulo Portas. Agora, temos saudades. O que é feito do homem jeitoso que de boné taxista e camisa arregaçada evitava a bosta dos campos com passo de bailarina? Portas adqu

CARTA ABERTA À CARTA ABERTA DAS FORÇAS ARMADAS

Entenderam os militares através do Coronel Manuel Martins Pereira Cracel, manifestar o seu sentimento de desagrado ao Ministro da Tutela em carta aberta sobre as afirmações deste numa reunião promovida por revista da especialidade. A carta enumera 18 questões/reflexões sobre a insustentabilidade das FA. Considerando todos os fatores entendo haver lugar aos seguintes reparos: 1. As FA nunca deveriam tê-lo feito em carta aberta, procurando assim popularizar o seu descontentamento junto da opinião pública. As FA tal como as forças de segurança em geral devem ter um papel discreto relativamente as questões que lhe dizem respeito e as suas reivindicações serem objeto de uma relação institucional diferente da sociedade civil; 2. O fato de acreditar piamente que este governo não tem qualquer tipo de interesse para o país, não quer dizer que não reconheça que foi nele que o povo democraticamente votou e que será o povo – sempre o povo – a destituí-lo, erradica-lo ou pendura-lo na ponta de u

O coro dos ressabiados

Nem acredito que vou defender o governo 2 vezes numa semana! Não há Alka Seltzer que aguente! Mas o fato é que os alemães também estão com azia de não terem ferrado o dente na EDP. Mas nisso, senhores, foi feito como eles (os alemães) nos ensinam: quem deu mais massa, levou! Desta vez foram os chineses mas os angolanos vão ficar com um banco e um canal de tv a curto prazo. E depois? Será o nepotismo angolano pior que o cinismo tiranico do dirigismo teutónico que comanda a direita europeia no seu Anschluss económico? Em que parte o desrespeito integral dos Direitos Humanos chineses é mais aviltante que a deslocalização produtiva das multinacionais ocidentais para estas terras, aproveitando o baixo custo de mão de obra que pretendem re-implementar na periferia europeia? Em que parte a incipiente democracia brasileira merece menos consideração do que a de um país que obriga os outros a cumprir acordos espartanos de pagamento de dívida sem crescimento para melhor aproveitarem-se do sist

Simplesmente Álvaro: O Transformer

Quem o viu aterrando na Portela uns meses antes da convocação de eleições para apresentar o seu livro e a sua pessoa, naquele tímido ar informal de professor de província (mais um!) não imagina o poderoso boneco que se desdobra e mecanicamente modifica a sua estrutura, cresce e encolhe a uma velocidade fractal, para se transformar num colosso de incoerência e contradição De fato, não consigo encontrar um lugar para classificação desta espécie na taxonomia política portuguesa. O Transformer obedece a lógicas próprias, cenas binárias, vetores, lógica pura. Nada onde um comezinho paisano possa atingir. Álvaro utiliza como arma titânica o “raio da contradição”. Diz uma coisa e o seu oposto e não espera nem um dia para a malta esquecer: é no minuto a seguir de modo a que ninguém perceba o que se vai passar, o que é real, ficção ou equívoco. Todos ficam atordoados. Regra geral, as duas coisas são verdadeiras mas vão acontecer em tempos/lugares/dimensões diferentes. Álvaro torna o Prof. Mar

Passos: o Homem-Catarse

Sempre desejei ter um saco de boxe, daqueles com areia e uma corrente que prende ao teto. Por várias vezes estive tentado a comprar, mas não o fiz. Não pensem que foi por poupança. Primeiro, é preciso saber usar um berbequim para fixa-lo, coisa que jamais conseguirei porque eu e a bricolage temos uma divergência de fundo; depois, porque o único sítio onde poderia colocá-lo seria na garagem (não tardava apareceria um bando de autoridades a levar-me preso, dado o meu conflitual passado) ou no pátio, sujeito ao escrutínio dos vizinhos que veriam o meu fraco folego e a vitória do inerte saco. Felizmente, nos tempos que correm, um super-herói veio ajudar-me a resolver o problema: Passos, o Homem- Catarse! Passos oferece o seu encouraçado corpo às balas, insultos, invetivas e ódios, absorvendo toda a contestação grosseira e rasteira com que se alimenta. (e o fato de se alimentar com a porcaria lançada pelos outros também é ecologicamente útil!). Quando o Homem-Catarse lança o seu ataque

POOR’S Я’ US

" Portugal was the only country really rattled by the downgrade because it is seen as a much more complicated case," said Gilles Moec, senior European economist at Deutsche Bank. "It combines the same high level of private sector over indebtedness as Spain, high public sector debt similar to Italy, plus the economic recession ." (…) Elisabeth Afseth, fixed-income analyst at Investec Capital Markets in London, said Portugal's problem relates to its high level of debt, currently around 100 percent of gross domestic product, combined with low growth. "There are not a lot of countries that have managed over time with that kind of debt," said Afseth. "Financial markets won't give Portugal that time, the question is if Europe will give it that time." Has Portugal's debt default clock begun to tick? By Axel Bugge LISBON Fri Jan 20, 2012 12:40pm EST In REUTEURS

O estranho país chamado CCB

Seguindo uma já longa tradição do PSD de tornar serôdio tudo aquilo em que os seus gestores tocam , o CCB ensinou-nos os benefícios da revolução através do seu amado líder, o tradutor Vasco Graça Moura. Tal como meu filho, VGM defende que a língua pertence a “matriz”, a quem a “criou” e disseminou pelo mundo lusófono e qualquer alteração, adaptação ou renovação depende do assentimento da capital do impériozinho. É um bom motivo para fazermos uma revolução. A realidade é de fato um território atravessado por ideologias que passam a vida a negar que o tempo avança, as coisas mudam e as relações de força modificam-se. Acredito que a luta de VGM (e do meu filho) seja uma inglória visão de que o fracasso de Portugal pode ser obliterado se conservar o património da soberania da língua: não me parece. A língua pertence a quem a usa no seu quotidiano, a quem lhe dá cor e vida, a quem a martiriza, adultera ou requinta. A língua não é um tesouro pressentido e obscuro, guardado no alto de uma