Tenho de falar do assunto das corridas de aviões e sinceramente sinto-me dividido.
É verdade que o Porto a cada sucesso particular ou colectivo é cilindrado pela malvada capital.
Tem sido sempre assim.
Na minha memória fica um momento fatídico: a partida do Rui Veloso para a capital, porque era lá que estava a Editora, o capital, os contactos. O meu coração parou mas teria sido pior se os GNR também tivessem seguido o caminho. Isso não! Nunca.
Prova desse amor é ver como são reconhecidos pela edilidade e a cândida proximidade que tem dos nossos líderes.
Depois é o FCP. Nem é bom falar do orgulho que uma pessoa sente por ter um dos maiores clubes do mundo na sua cidade! A cada vitória é ver como a cidade engalanada vai receber os seus heróis no centro da edilidade, num reconhecimento profundo da gratidão pelo nome da cidade correr a Europa de lés a lés e de facturar o que poucos clubes no mundo fazem com os seus negócios de qualidade garantida.
Por tudo isso, o clube é honrado pelos seus líderes.
Aqueles malandros sulistas também mais não fazem do que surripiar os nossos criadores e pensadores.
Apesar disso nós temos memória, não pensem que esquecemos Garrett que tem a sua casa preservada, o Camilo recordamos na Cadeia da Relação, este espaço tão acarinhado e permanentemente apoiado. E o mestre Oliveira a quem construímos uma casa só para ele e que fervilha em iniciativas.
Também os actores, companhias de teatro e outros agentes culturais da cidade que apesar do constante apoio e carinho infinito da CMP, cientes de não querem abusar do inusitado apoio que recebem, partem para outros locais (mesmo para a capital onde se tornam reputados e reconhecidos e pagos supinamente para suportar o exílio da Invicta!) como que a desbravar a impenetrável arrogância de Lisboa!
E de mais a mais, há que encarar esta transferência como a vingança consumada de termos ficado com o
Mas há uma coisa que não percebo. A corrida dos aviões é feita com produção e meios próprios da entidade estrangeira e comparticipada pelos patrocinadores.
Não gera emprego, não é uma imagem de marca da cidade, não é um factor de modernidade (são à hélice coisa que já desapareceu dos aviões a sério vai para 40 anos),
Promove o turismo, sem dúvida, mas será que o retorno da ocupação tem um reflexo assim tão grande? O custo/benefício se justifica?
Pergunto isso através da minha veia liberal que acredita na auto-sustentação das coisas e não gosta de subsidiodependentes (como estes alfacinhas malandros que agora “sacaram” um apoio catita ao Turismo ou estes empresários que passam a vida a pedir apoios para as empresas que encerram, protestando contra o OMN e tendo lucros jeitosos para tempos de crise).
A questão dos aviões foi, na prática, o mercado a funcionar!
Não parece difícil perceber que o dinheiro manda nestas coisas (e nas outras também!).
Comentários