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Justiça e Imprensa: Crédito mal parado

Tenho tentado escusar-me a comentar o nascimento de mais um processo judicial e de toda a especulação mediática à sua volta.

Tal como muitas pessoas do país, passei soberanamente por cima de mais este caso nacional.

Estou, como muitos cidadãos que tem mais de fazer na vida, farto e exausto de um modelo de Justiça que se esconde atrás de uma imensa burocratização, a arrogar uma pretensa defesa do cidadão (e que mais não é do que uma forma de emperrar o aparelho para que nada se produza de concreto nem para um lado nem para o outro).

Nos últimos 12 anos houve processos envolvendo figuras mais ou menos visíveis da sociedade cujo resultado final é pior do que zero: é o não ter resultado, nem culpa nem inocência: um limbo.

Todo o sistema contribuiu para o atolamento da verdade e se configura como algo onde falta coragem, saber e subordinação a interesses corporativos e políticos impera.

É por onde vemos a Democracia a ruir.

Daí que o cidadão médio já não ligue a suspeitas, processos e litigâncias e até começa a evitá-los, porque já não há paciência para se confrontar com o resultado final: nenhum.

E um dos grandes contribuintes para este fracasso é o outro sector que se desmorona: a imprensa.

Sem dinheiro e sem credibilidade alguma, a imprensa caminha a passos largos para se transformar numa alcoviteira de bairro, que a todos escandaliza com as coisas que sabe mas que, bem vistas as coisas, apenas descobre o que outros querem que se descubra, apenas diz o que lhe dizem para contar e compra aquilo que lhe estão dispostos a vender. Tudo sem critério de verdade ou validação deontológica.

Caminhamos assim para um abismo de descrença cujas consequencias serão muito perigosas.

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