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Uma estratégia única para Iraque, Paquistão e Afeganistão

6.Estratégias – A componente militar

O processo de estabilização da zona é um processo de altos e baixos que levará seguramente muito tempo (o meu optimismo aponta para o quarto de século!).

As implicações da implementação de novas estratégias nesta parte do globo terão um impacto alargado não apenas no mundo árabe.

A composição deste novo modelo assenta sobretudo em três dimensões lógicas:

- Um mundo global só pode fazer sentido se a aproximação dos povos for baseada no respeito mútuo, compreensão das diferenças e integração das realidades;

- O respeito pela soberania de cada povo é um direito inalienável. A participação tem de ser solicitada e não imposta por circunstâncias, influências ou interesses;

- A pacificação depende do desenvolvimento das sociedades, da emancipação intelectual das populações, do livre arbítrio individual e a aceitação das contradições das diferentes aproximações.

Esta tríade Aproximação/Participação/Pacificação aparece nesta ordem de uma forma não arbitrária. Apenas quando um povo se respeita a si próprio encontra o ponto necessário ao seu desenvolvimento.

A execução desta estratégia passa numa concorrência de oportunidades e velocidades distintas, dependente dos êxitos e fracassos que serão obtidos. Todavia, a primeira fase passa de forma clara pela Segurança, de que é necessária a intervenção militar e policial, embora numa escala totalmente diferente da que se verifica actualmente.

Os seus eixos seriam:

Intervenção militar: a permanência de tropas nos três países deve, em primeiro lugar ser aprovada pelos governantes, por mais frágil que sejam estas estruturas. A legitimação da permanência deve ser avaliada pelas partes e ajustada a cada situação.

A permanência de tropas deve ser apontada para a protecção dos estados formados e legitimados por eleições (mesmo que frágeis) e deve fixar-se na protecção efectiva das infaestruturas do país, localização estratégica de protecção as estradas e acessos vitais.

Deve participar a pedido dos governos de intervenção militar em determinadas zonas onde, por via de acções organizadas, a perda de soberania esteja em causa.

Paralelamente, a Inteligência Militar deverá actuar no sentido da recolha de informação, formação de quadros locais e orientação de acções de detenção específica.

Policiar localmente: A formação das forças de segurança joga também um papel central nesta fase. E com os meios tecnológicos disponíveis introduzidos em zonas fulcrais, um restritivo controlo das cidades ao nível da circulação, uma gestão de acesso a zonas de grande concentração humana (mercados, cerimonias e festas religiosas) poder-se-ia a pouco e pouco estabilizar as acções de violência nas cidades.

De elementar lógica seria a perspectiva de que a intervenção directa nas acções de segurança pública deve ser efectuada pelos autóctones e nunca por Forças Armadas ou Policiais estrangeiras.

O chefe mujaedin das FA americanas: Por uma vez que seja, a América deveria considerar que os seus grandes Generais, habituados a trabalhar na guerra como um jogo Hi-Tech, não são os melhores líderes para combater “guerras sociológicas”.

No lugar da figura dos militares adjuntos dos países onde se combatem, a América deve promover líderes carismáticos e populares para a chefia das suas próprias forças.

Não se trata de uma transgressão, o comando seria sempre dividido mas a figura de realce deve ser a local por razões politicas, humanas, sociais e estratégicas.

Um Comandante em Chefe do país jamais optaria por bombardeamentos à zona que, já se sabe, atinge principalmente civis; jamais enviaria tropas em acção de fiscalização com toneladas de equipamentos às costas (e não os armaria com as M4 e sim com AK-47, arma mecânica que não se queixa da natureza).

E depois conhecem o terreno, as pessoas que neles vivem, os caminhos, por onde atacar e defender.

Não que a guerra seja uma actividade humana de excelência, mas nela se distingue como em nenhuma outra acção a grandeza e a miséria da humanidade. Pois se pudermos dar-lhe alguma dignidade….

Fronteiras - Vigilância e intervenção: Esta seria a única área de concessão de soberania a solicitar. Seria solicitada que uma zona de 15 km de faixa fronteiriça fosse cedida às Forças Armadas por um período regulado no tempo.

Este sim seria o espaço de guerra. O estrangulamento logístico do terrorismo seria a componente essencial para o seu controlo. Aqui faz sentido a utilização da electrónica, dos sofisticados meios de detecção e intervenção.

Quanto melhor a detecção e dissuasão, mais facilmente seria o controlo das cidades e o enfraquecimento no interior das regiões, fazendo-os recuar para nichos específicos onde poderiam ser enquadrados e controlados com maior eficácia.

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