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Onde está o futuro?

Tudo o que escrevi sobre o PSD pós- PS e ao trabalho desenvolvido por ambos os partidos na desmontagem do Estado Social e no recuo dos Direitos, Liberdades e Garantias para a destruição de Portugal tal como conhecemos (um dos poucos Estados- Nação europeu, tal como a Grécia) afinal se verifica de uma forma mais ou menos evidente.

Depois de 20 anos de trabalho de dissolução sistemática do valor do Estado, das suas instituições, frequentado (ainda!) por criaturas grotescas cujo único fim é o de provar “o mal que é a Democracia”, e que o “Estado não sabe gerir negócios” e que o “público é mais eficaz que o Estado na gestão da coisa pública”; depois de transformar a política numa espécie de pocilga onde apenas os porcos se sentem felizes, fazendo que as pessoas não queiram viver e conviver com o esterco criado, transformando o pasto em redil para que o cidadão nem se queira aproximar; depois de criarem uma máquina de comunicação social que educa, condiciona e amestra um povo sem cultura, sem vontade e sem perspetivas, apenas interessado no telemóvel e no carro e que não lhe chateiem, chegamos ao momento da encruzilhada: nada será como antes, tudo se pode perder.

Assiste-se pois a introdução do novo modelo Europa S.A., elevando as doses maciças de capitalismo e da sua consequente desigualdade e ilusão e que levará, mais à frente, a nações com nomes originais como IBM, Nike ou Bayer que serão pertencentes a chineses, indianos e sauditas, por exemplo.

Neste novo modelo a versão da intervenção social será a ação policial e a repressão sistemática. Os cidadãos serão obrigados a ver 8 horas de televisão por dia, trabalhar 8 horas e nas restantes um sono estritamente vigiado. No tempo de demência, alguém lembrar-se-á de punir o suicídio com a pena de morte!

Neste novo mundo, a “guetização” e o ressurgimento de cidades-estado (privadas, tal como algumas ruas que já não serão do povo!), amuradas e protegidas por polícias (também eles privados!) serão ligadas por estradas entubadas no subsolo e rigorosamente vigiadas. Haverá passaporte entre cidades, tal como na União Soviética dos anos de brasa!

Ao longo dos últimos anos temos refletido aqui sobre o fim dos Estados, das nações dos motivos de orgulho e vergonha histórica, da importância das diferenças e diferenciações, da necessidade de preservar a multiplicidade como forma de não vermos esvaziada a cultura a diversidade e a riqueza dos povos, seja na linguagem, nos rituais e crenças ou na forma como preparam o pão. Tudo isso será esmagado porque a uniformização será dada como única forma de sobrevivermos em termos económicos, ambientais e sociais.

Será vendida a ideia de que uma mesma língua, uma única história e um único território são a única forma de travar as guerras. Não se saberá onde começa a eugenia e termina a eutanásia; toda a diferença comportamental não autorizada, a revolta, pacífica ou violenta, terá o mesmo destino: a repressão sistemática, a “psiquiatrização” dos comportamentos não integráveis ou a tortura higienista. Os medos serão introduzidos e induzidos por imagens e referenciais de sofrimento (como em 1984).

Tudo isso protagonizado por interesses privados e fortunas colossais que já compraram e iniciaram a gestão da arquitetura da repressão.

Temos alertado para a conveniência da junção do pior do comunismo estatizado chines com o capitalismo mais cruel e do monstro que esta criação representa.

Mais cedo ou mais tarde não haverá futuro. E tu, de que lado estarás?





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