Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2008

As Reflexões da Sedes 2

Abordando outro dos factores levantados pela Tomada de posição da Seres, temos a relação entre justiça e comunicação social e a qualificação da relação entre o ineficaz e o sensacionalista, respectivamente. Sem querer defender a imprensa que obviamente tem culpas no cartório em relação à situação vivida, penso que a suspeição sobre a classe política não foi criada por ela: foi a própria classe política que deu as bases para a sua suspeição, numa sucessão de processos e casos de tal envergadura e dimensão que é impossível escapar-lhes. A imprensa apenas aproveitou o filão. O que é demoníaco no papel da imprensa foram as manobras para “contornar” o segredo de justiça e a inviabilização de linhas de investigação propiciadas por fugas ora promovidas pelos envolvidos, ora utilizando meios à revelia de toda a deontologia profissional. Quando não obtinham os dados necessários, entraram num frenesim de insinuações e análises desprovidas de fundamento que arrastaram até os profissionais envolvi

As reflexões da Sedes – 1

A leitura da Tomada de Posição da Sedes, de Fev.08 remete-nos para algumas questões que têm vindo a ser levantadas neste blog ao longo da sua curta existência e para a urgência de uma tomada de posição mundial dos Fóruns que defendem a cidadania que permita o controle deste cavalo louco sem freio nos dentes chamado globalização. Este “difuso mal-estar” não é um sentimento eminentemente nacional e as questões éticas que estão na raiz do problema repetem-se com diferentes escalas e formatações em outros países, desde a Europa “civilizada” até os confins de África. No entanto, as duas questões abordadas na Tomada de posição (ética de responsabilidade e degradação da qualidade de vida cívica), segundo a Sedes, radicam em dois referenciais: os partidos e o Estado. Analisemos a questão dos partidos, uma vez que a Sedes defende que estes são “pilares do eficaz funcionamento de uma democracia representativa” e que estão eivados de três problemas: a incapacidade de mobilizar talentos da socieda

Fidel: entre a espada e o abismo

Fidel é como a Água Tónica: ou gosta-se ou odeia-se. Não há cá meios termos. No entanto, quando a agitação emocional repousar relativamente à sua figura, poder-se-á, enfim, construir uma visão mais racional sobre um homem que configurou uma nação. Não tenho uma visão romântica de Cuba. Nunca lá fui de férias, apesar de ser um destino muito apreciado pelos portugueses. Dos que regressaram, ouvi várias histórias que vão desde o idílio apaixonado por um país “romântico”, como um referencial nos idos de 60 até a falta de condições, degradação habitacional, etc. O povo cubano é retratado simpático mas não servil, educado mas não condicionado. O único ponto comum aos diferentes relatos que ouvi converge num aspecto: as dificuldades quotidianas e a falta de bens materiais de primeira necessidade. Conforme as formatações políticas dos meus amigos que visitaram a ilha surgem indícios de corrupção, existindo lojas para o povo e outras para estrangeiros e para as personagens do “aparelho”, as enc

Aristides Sousa Mendes

Abriu hoje o Museu Virtual Aristides Sousa Mendes. E porque um homem assim não se esquece, é obrigatória a visita. Espero que acrescentem uma versão hebraica e em Inglês a narração para que mais pessoas percebam que, por vezes, a desobediência é o único caminho para manter a dignidade. http://www.mvasm.com

A diplomacia incomum da C.E.

A independência do Kosovo é um dos exemplos mais notórios de que todo o esforço da “Constituição Europeia” é um logro e um erro. Nunca a Europa conseguirá ter uma posição comum sobre um assunto de elevada importância internacional. A “pressa” americana é necessária para manter este litígio latente com a Rússia, desagradada com os acontecimentos. Manter o perfume da guerra-fria é algo que agrada aos Republicanos e aos Czares. De resto, os principais aliados (a Europa que interessa) reconheceram na sequência dos americanos, como bons aliados que são. Em breve, os aliados de 2ª linha avançarão mais ou menos timidamente, mais ou menos pressionados pelas circunstâncias. Espanha e Grécia rejeitam por razões óbvias e importantes do ponto de vista da manutenção da sua coesão nacional; checos, finlandeses e holandeses, independentemente das razões seguiram um critério que me parece ajustado: esperar para ver o que é e ao quem vem a nova república. Portugal reconhecerá mais semana, menos semana.

A Edificação do Vazio

5ª Parte 17. A propaganda para consumo doméstico deve diminuir o impacto da frustração. a. Frustrações inevitáveis devem ser previstas e combatidas de antemão b. Frustrações inevitáveis devem ser colocadas em perspectiva Aqui, o papel da Comunicação Social é fulcral. O seu controle e condicionamento é do mais relevante, especialmente em Portugal onde as pessoas votam no que vêem na Televisão e, quando muito, lêem jornais. Ver a chegada do Primeiro-Ministro, pela SIC e RTP a uma escola do interior, depois de eventos estranhos terem ocorrido nos dias anteriores serem noticiados mostra como é completamente distinta a posição de ambas. Os planos, o som, de onde são filmados, quem é entrevistado, tudo obedece a uma montagem e figuração próprias, seja esse um processo consciente ou não do ponto de vista ideológico. No plano eleitoral, a forma como se filmam os comícios e as já famosas “arruadas” que aproveitam o movimento comercial para parecer uma multidão quando, de facto são umas 100 pess

Mundial 2018

Quis o destino que G. Madail produzisse uma afirmação gratuita que aguçou o apetite de muitos e com algum sentido: a realização do Mundial de Futebol "Ibérico". Claro que foi uma laracha atirada ao ar porque se fosse para levar à serio deveria seguir, em primeiro lugar, os canais institucionais normais e depois a entidade congénere do vizinho e só depois preparar o terreno para aventar o interesse mútuo! Com o sentido de Estado do nosso Presidente, instado a ter de comentar num dia de semana que não fazia ponte ou Feriado Nacional e Municipal em nenhuma parte do país, aplicou um rotundo não num projecto que, se fosse verdadeiro, ocorreria daqui a 10 anos, mais ou menos. Este pequeno episódio encerra toda a demência da política nacional: um responsável de uma instituição nacional lança um bitaite para o ar sobre a organização de um evento supranacional sem dar cavaco à outra parte e sem consultar os responsáveis políticos de que depende hierarquicamente. Outro presidente comen

Privatização das cidades, globalização e o fim da cidadania

Desde o início dos anos 90 verifica-se que corporações e grupos privados tentam monopolizar as cidades. Este trabalho de aquisição do espaço urbano tem vindo gradualmente a abarcar inúmeras vertentes, sempre através de um processo de conivência com o poder político. Num processo global que já se verificou em alguns espaços urbanos americanos (pequenas cidades já são pertença de corporações com actividade política meramente de verificação dos cumprimentos contratuais) e com materializações mais ou menos avançadas em diversos pontos do globo, permite-nos antever o que será o futuro da cidadania se este processo não for travado (ou se quiserem, se o ritmo de desenvolvimento de uma consciência social sobre o verdadeiro significado da globalização não for acelerado Em primeiro lugar, os fundamentos. Durante anos, a noção de serviço público de base foi compreendida como uma obrigação de entidades do poder local ou de empresas estatizadas. Havia um consenso geral por duas ordens de razões: •

A edificação do Vazio 4ª Parte

14. Toda propaganda deve rotular acontecimentos e pessoas com frases e slogans de fácil memorização. a. Ela deve evocar reacções desejáveis a partir do que a população já sinta b. Ela deve ser facilmente aprendida c. Ela deve ser usada repetidamente, mas apenas nas ocasiões apropriadas d. Ela não deve poder ser usada contra o propagandista Não fosse a Web e a facilidade de guardar informação e um espaço de discussão livre (talvez o último recanto de liberdade civil plena do mundo, não teríamos tanto motivo para nos rirmos da classe política. Penso que não levará uma década até que os estados europeus comecem a impor o seu controle a blogs e informação livre na net (a China já o faz com o acordo das empresas que utilizamos, por isso…). Este é um espinho difícil de tirar quando gravamos e trocamos imagens de gafes políticas incontáveis, expressões infelizes, etc. É difícil, mesmo para o mais mal preparado dos eleitores não se recordar de uma fraca figura de um político. Daí que os slogan

Luciana Abreu e José Sócrates

Não esperem encontrar nenhum cinismo malévolo contra o Primeiro-Ministro! Tão pouco se trata de mais uma peça a ridicularizar a actriz. Trata-se apenas de uma reflexão sobre um problema que deve afligir Sócrates a partir de agora. Luciana Abreu mudou radicalmente a sua imagem. Por necessidade de descolar da “ boazinha ”, da actriz para papéis infantis, fez o “ upgrade ” sensual para adolescentes. Indica a necessidade de apontar para outro segmento de mercado e para uma nova carreira, querendo talvez rivalizar com Diana chaves no mesmo nicho de papéis que envolvam aquilo que o povo gosta: sexo, intriga e …corrupção! Quanto a mim, após o primeiro choque da transformação, apetece-me dizer que o corpo e a carreira é dela e se foi sua a opção por uma modificação radical procurando a atracção do público com o seu novo visual, mais não fez do que caminhar para a coerência das expectativas do mercado. Não é inovador. Mas afinal, em que é que tudo isso tem a ver com Sócrates? Tudo. Não, não é n

A Edificação do Vazio

8. O propósito, conteúdo e efectividade da propaganda inimiga, a força e os efeitos da exposição a ela e a natureza das campanhas inimigas actuais são os factores que determinam se ela deve ser ignorada ou refutada. Esta é uma pecha do nosso homem político. Geralmente não mede bem as consequências públicas de certos gestos ou opções e por vezes “despeja” na comunicação social, um azedume, uma queixa banal ou uma critica irresponsável e pronto! Vai tudo por água abaixo! Regra geral, o segredo do político nacional é não ser apanhado de ponta pela imprensa. Muitos optam pelo silêncio. Mas o silêncio continuado é muito mal para a imagem, entendido como “soberanamente acima de tudo e todos”, o que também cai mal. A provocação propagandística da oposição deve ser combatida não à escala da provocação ou da tirada irracional, mas incorporada de duas maneiras possíveis: integradas (“vamos trabalhar com este grupo/partido/associação no sentido de encontrar as melhores opções”) ou reificadas hist