Tenho tentado evitar comentar o óbvio e seguir contra o impulso da blogosfera no que diz respeito aos acontecimentos. Tenho resistido a ser mais um a fazer o já conhecido efeito multiplicador do comentário indignado que por vezes não o é: servem para instrumentalizar e legitimar o que poderá ser. A política portuguesa está envolvida em epifenómenos para os quais é preciso criar o antidoto. Só que este antídoto passa por valores, coisa que se perdeu algures no alcatrão das autoestradas, na morte da agricultura e na deificação do dinheiro fácil para legitimar mentiras ou colorir imagens de gente de alma negra. O antídoto seria uma imprensa livre, seria a indignação geral, seria os homens terem a dignidade de perceber que uma democracia formal não é uma democracia de direito. Um simulacro de eleições não é participação cívica, um governo não é mandatado para decidir para além da administração da coisa pública e as políticas que envolvem implicações futuras ou são objeto de consenso l...