O comentador encartado está a perder espaço. Pessoas presumivelmente cultas, versadas em agricultura, resíduos nucleares, política laociana e culinária estão a perder audiência para um novo género emergente de comentador: o político em pousio. Está nova espécie – basicamente ignorante de todas as matérias - tem, no entanto, um profundo e aturado conhecimento de uma coisa: a sua pessoa. É com base nos seus EGOS que são capazes de explicar o funcionamento do bosão de Higgins, os efeitos climatéricos da extinção da acácia rosa ou a razão da perfeição ergonómica da passada de H.Bolt. E isto só é possível por dois fenómenos: o batismo redentor e o fanatismo popular pelo imediato. O primeiro, dita a ressurreição, ou melhor, o renascimento do Homem. Livre dos pecados anteriores pela aceitação de uma nova fé, regressa revigorado e perdoado. Tal como um carro usado recauchutado pelas oficinas da marca, parece que nunca conheceu estrada. O seu hímen político parece intacto e impoluto,...
Opaco. Não é preto nem branco. Também não é cinzento. É algo que permite entrever (formas, silhuetas…). Percebe-se quando o movimento esta lá. Ao mesmo tempo não se sabe bem quem ou o que se move. A forma velada é sedutora e enganadora. Posso errar mas posso tentar. Lembra a infância, o bafo nas janelas das salas quentes quando chove lá fora. Identifica tudo aquilo que presumimos sem ter a certeza. É o avatar das nossas dúvidas!