Pular para o conteúdo principal

Visita de Ahmadinejad ao Brasil

Discordo totalmente da posição de Ricardo Caldas expressa em O Globo de hoje.

A ausência de relações externas é que pode tornar o Irão um país fechado sobre si próprio e não me parece de todo útil a comparação deste país com a Coreia do Norte. Esta posição mais não é que um revivalismo da cartilha Bush, logo absolutamente inútil e nociva.

A posição que o Irão assume sobre Israel tem uma história por trás que não podemos ignorar, como se o Bem e o Mal fossem campos absolutamente distintos: o único povo a não querer a paz no Médio Oriente é Israel, por muitas e variadas razões que temos vindo a identificar neste blog ao longo dos anos.

Evidentemente, isto não beatifica o regime iraniano cujo problema mais evidente se situa na distanciação entre a religião e o poder político.

Agora invocar o desrespeito pelos Direitos Humanos não me parece um bom argumento. O Brasil falha em muitos aspectos a este nível e se a isso juntarmos uma política de não preservação da Amazónia (e que condena a Humanidade no seu todo), não é sensato invocar este argumento, admitindo uma superioridade moral neste campo que, de facto, não existe.

Considero que Lula abre uma janela de relação entre o Ocidente e o mundo Islâmico não apenas necessária como de grande utilidade para Washington.

Sabemos que o regime iraniano irá mudar a médio prazo e é preciso garantir uma transição adequada para uma Democracia mais plena e estável. Se fecharmos as portas a essa transição poderemos estar a fabricar um desastre ou a protela-la indefinidamente.

Lula mais não faz do que os mestres da Globalização – os portugueses – que sabiam que as relações comerciais e participação em interesses comuns asseguravam a paz de uma forma muito mais estável do que construir fortalezas e canhões.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dos governos minoritários e maiorias absolutistas

Na óptica dos partidos mais votados em Portugal, a governação em situação minoritária ou de coligação é inviável. A ideia de um pequeno partido poder influenciar, propor e monitorar o comportamento aberrante dos partidos centrais é uma situação intolerável para estas máquinas de colocação de militantes e de controlo de investimentos privados. Acenam com o caos, a ingovernabilidade e o piorar da situação do país. Esquecem que o país caminhou para o fundo do abismo pela mão de ambos. Não por uma inépcia ou incapacidade das suas figuras, mas por dependência de quem os financia, de quem os povoa e da impossível subversão ao sistema corporativo vigente. Sócrates afrontou algumas destas entidades instaladas e vive a antropofagia quotidiana dos jornais e televisões e – vejam lá – ele não é um perigoso extremista, até porque o seu partido chutou soberanamente João Cravinho para canto, mais os seus amoques contra a corrupção. Se a memória não me falha Ferreira Leite foi a Ministra que teve a pe

Balanço e Contas: 2 anos de governação

Ao fim de 2 exaustivos anos de governação importa fazer uma reflexão não sobre os atos do governo mas sim sobre o comportamento da sociedade em geral relativamente ao que se está a passar. Para faze-lo, importa ter presente algumas premissas que a comunicação social e as pessoas em geral insistem em negligenciar e a fingir ignorantemente que não são as traves mestras do comportamento governativo: 1. Este governo não governa para os portugueses nem para os seus eleitores; 2. Este governo não pretende implementar qualquer modelo económico. Pretende apenas criar a rutura necessária à implantação de um; 3. A sua intervenção orienta-se por uma falsa perceção de que a sociedade portuguesa entrou em rutura com o socialismo e as conquistas sociais do 25 de Abril; 4. Para agradar credores e cair no goto do sistema financeiro que irá propiciar empregos futuros a quem for mais bandalho com o seu país, usou o medo para tornar a mudança incontornável, culpando e responsabilizan