1
Estive caladinho este tempo todo, à espera.
Não fazia muito sentido falar.
O PSD, perante as notícias que cirurgicamente o PS punha a circular sobre o orçamento em doses diárias, sobre impostos, cortes, etc. ia reagindo com um “assim não brinco!”
Estive caladinho este tempo todo, à espera.
Não fazia muito sentido falar.
O PSD, perante as notícias que cirurgicamente o PS punha a circular sobre o orçamento em doses diárias, sobre impostos, cortes, etc. ia reagindo com um “assim não brinco!”
A ideia de que o PSD não deixará passar o orçamento é tão absurda como esperar que o orçamento funcione.
Vai propor alterações, cortes e coisas simpáticas com as quais o Governo fará as transigências simbólicas, passando a imagem de quem negoceia, mas o essencial já está combinado.
2
Se dúvidas restassem sobre a aprovação, estas desvaneceram-se quando a comitiva bancária foi visitar Passos Coelho. Disseram-lhe para se deixar de “fitas” senão tinham de “pagar-lhe” um acidente algures num avião qualquer. E Passos calou-se finalmente.
Falará no Parlamento.
3
Ninguém com um mínimo de seriedade esperava um orçamento fácil. Mas os PAC’s são a continuidade preguiçosa uns dos outros: taxam o rendimento. A poupança é um exercício de esforço, de perda de regalias, de incomodidade em relação às empresas onde se ocuparão lugares futuros.
Os direitos adquiridos da classe política e os eternos privilégios das famílias BCBG nacionais são intocáveis.
4
A cobrança aos bancos e contas off shore, tão grata à esquerda com a qual o PS, neste momento, não se identifica, são cartas fora do baralho.
Todavia, para manter a face “gauche” alinhou-se um discurso de defesa intransigente do Estado Social, com um fervor próprio das conquistas de Abril.
Trocou-se a vertente “revolucionária” pela imagem pública da protecção. Cada um come o que quer e é difícil esquecer que durante estes últimos anos, o PS tudo se fez para que a SNS, o ensino público e a protecção a reforma enfraquecessem.
5
Falou-se muito das parcerias. Das público – privadas e do prejuízo imenso que representam.
Ninguém apresentou números porque estes estão no segredo dos deuses. Sabe-se que o prejuízo e absurdo de alguns contratos (que chegam a ser cómicos tal a inépcia negocial) ultrapassam a lógica da incompetência, pendendo mesmo para a má fé.
O Tribunal de Contas, infelizmente não torna públicas as avaliações e os contratos. Acho mal. Até porque não haveria problema de maior porque nunca ninguém é julgado por abuso de poder e delapidação de património público, logo, não faria diferença e nós poderíamos ter mais pasto para a nossa azia passiva.
6
O OE de 2010 é eugénico e épico.
Eugénico porque transforma a classe média nos novos pobres, amarrados às suas dívidas; os pobres passarão a pasto da solidariedade cristã que, tal como em África, dedicar-se-á a (re) doutrinação e a manutenção da sobrevivência.
Os ricos estarão no mesmo sítio em que sempre estiveram e de onde só saem para passar férias no estrangeiro.
A vertente épica advém do facto de esperar o sacrifício de um povo que já não tem paciência e que vai entrar no sistema LMP (Laboração Minimal Progressiva), descontando também ele os 20 a 25% que lhe tiram ao salário na produtividade.
Ao não encarar as expectativas do OE como recessivas vemos o lado heróico: esperar que as empresas consigam exportar entre 25% a 30% mais que o ano passado (sim, será o patamar necessário) a preços competitivos (com o aumento dos custos energéticos, fiscais, a conflitualidade e dificuldade de contratação, de não termos matérias-primas e que as mesmas terem de ser importadas a países que também querem crescer) esta para além da força humana.
Poderemos reintroduzir o trabalho escravo e infantil para baixar os custos de produção. Mas penso que será suficiente aguentar até a revisão constitucional, altura em que chegaremos a solução final: o 24 de Abril.
7
Medina Carreira falou hoje do fim da Segurança Social. Não aprecio o homem mas fez bem.
É um facto que ao ritmo que nos afundamos a esperança de uma reforma vale o que vale: nada.
A civilização e a selvajaria estão separadas por uma casca de ovo. É de esperar um futuro estranho e perigoso num país que entra no seu segundo passo para a extinção.
8
Algumas lideranças europeias opinaram sobre a imprescindível necessidade de aprovar o OE. Um dos “opinadores” até já esteve por cá, não me lembro bem a fazer o que, mas acho que foi a fazer de cicerone a uns senhores nas Lajes.
Também gostaria de saber se poderemos fazer o mesmo relativamente a politica franco-alemã para a Europa e propor a saída de ambos da Comunidade.
Assim poderiam sossegadamente cumprir o sonho do Sr. Adolfo e criar o 4º Reich.
9
Nas livrarias apareceu um livro muito interessante de seu nome “O Espírito da Igualdade - Por que razão sociedades mais igualitárias funcionam quase sempre melhor “ de Richard Wilkinson, Kate Pickett .
A tese defendida é importante e considero decisiva para começarmos a projectar uma vida onde os critérios da economia sejam banidos da formatação das sociedades, onde o crescimento económico tenha um lugar modesto relativamente a outros critérios verdadeiramente relevantes para a sobrevivência da espécie.
Vai propor alterações, cortes e coisas simpáticas com as quais o Governo fará as transigências simbólicas, passando a imagem de quem negoceia, mas o essencial já está combinado.
2
Se dúvidas restassem sobre a aprovação, estas desvaneceram-se quando a comitiva bancária foi visitar Passos Coelho. Disseram-lhe para se deixar de “fitas” senão tinham de “pagar-lhe” um acidente algures num avião qualquer. E Passos calou-se finalmente.
Falará no Parlamento.
3
Ninguém com um mínimo de seriedade esperava um orçamento fácil. Mas os PAC’s são a continuidade preguiçosa uns dos outros: taxam o rendimento. A poupança é um exercício de esforço, de perda de regalias, de incomodidade em relação às empresas onde se ocuparão lugares futuros.
Os direitos adquiridos da classe política e os eternos privilégios das famílias BCBG nacionais são intocáveis.
4
A cobrança aos bancos e contas off shore, tão grata à esquerda com a qual o PS, neste momento, não se identifica, são cartas fora do baralho.
Todavia, para manter a face “gauche” alinhou-se um discurso de defesa intransigente do Estado Social, com um fervor próprio das conquistas de Abril.
Trocou-se a vertente “revolucionária” pela imagem pública da protecção. Cada um come o que quer e é difícil esquecer que durante estes últimos anos, o PS tudo se fez para que a SNS, o ensino público e a protecção a reforma enfraquecessem.
5
Falou-se muito das parcerias. Das público – privadas e do prejuízo imenso que representam.
Ninguém apresentou números porque estes estão no segredo dos deuses. Sabe-se que o prejuízo e absurdo de alguns contratos (que chegam a ser cómicos tal a inépcia negocial) ultrapassam a lógica da incompetência, pendendo mesmo para a má fé.
O Tribunal de Contas, infelizmente não torna públicas as avaliações e os contratos. Acho mal. Até porque não haveria problema de maior porque nunca ninguém é julgado por abuso de poder e delapidação de património público, logo, não faria diferença e nós poderíamos ter mais pasto para a nossa azia passiva.
6
O OE de 2010 é eugénico e épico.
Eugénico porque transforma a classe média nos novos pobres, amarrados às suas dívidas; os pobres passarão a pasto da solidariedade cristã que, tal como em África, dedicar-se-á a (re) doutrinação e a manutenção da sobrevivência.
Os ricos estarão no mesmo sítio em que sempre estiveram e de onde só saem para passar férias no estrangeiro.
A vertente épica advém do facto de esperar o sacrifício de um povo que já não tem paciência e que vai entrar no sistema LMP (Laboração Minimal Progressiva), descontando também ele os 20 a 25% que lhe tiram ao salário na produtividade.
Ao não encarar as expectativas do OE como recessivas vemos o lado heróico: esperar que as empresas consigam exportar entre 25% a 30% mais que o ano passado (sim, será o patamar necessário) a preços competitivos (com o aumento dos custos energéticos, fiscais, a conflitualidade e dificuldade de contratação, de não termos matérias-primas e que as mesmas terem de ser importadas a países que também querem crescer) esta para além da força humana.
Poderemos reintroduzir o trabalho escravo e infantil para baixar os custos de produção. Mas penso que será suficiente aguentar até a revisão constitucional, altura em que chegaremos a solução final: o 24 de Abril.
7
Medina Carreira falou hoje do fim da Segurança Social. Não aprecio o homem mas fez bem.
É um facto que ao ritmo que nos afundamos a esperança de uma reforma vale o que vale: nada.
A civilização e a selvajaria estão separadas por uma casca de ovo. É de esperar um futuro estranho e perigoso num país que entra no seu segundo passo para a extinção.
8
Algumas lideranças europeias opinaram sobre a imprescindível necessidade de aprovar o OE. Um dos “opinadores” até já esteve por cá, não me lembro bem a fazer o que, mas acho que foi a fazer de cicerone a uns senhores nas Lajes.
Também gostaria de saber se poderemos fazer o mesmo relativamente a politica franco-alemã para a Europa e propor a saída de ambos da Comunidade.
Assim poderiam sossegadamente cumprir o sonho do Sr. Adolfo e criar o 4º Reich.
9
Nas livrarias apareceu um livro muito interessante de seu nome “O Espírito da Igualdade - Por que razão sociedades mais igualitárias funcionam quase sempre melhor “ de Richard Wilkinson, Kate Pickett .
A tese defendida é importante e considero decisiva para começarmos a projectar uma vida onde os critérios da economia sejam banidos da formatação das sociedades, onde o crescimento económico tenha um lugar modesto relativamente a outros critérios verdadeiramente relevantes para a sobrevivência da espécie.
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