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Crato, o National Kid


Escolhi este obscuro herói japonês dos anos 60 para a personalidade mais mística do atual governo. Este termo – místico – tem algo de cínico e parcial porque até admiro Nuno Crato e sinceramente não entendo o porque de participar como Ministro neste Governo de iletrados aparelhistas.

Afinal, Crato é a prova de que a inteligência não significa argúcia, que a formação superior não é um registo de humanidade e que a intelectualidade é a maior parte das vezes uma medida de afastamento dos outros, a quem nos deveríamos dedicar com abnegado interesse. E tudo isso acaba por ser perturbador porque esperamos de uma pessoa inteligente a capacidade de, inteligentemente, opor-se ao maniqueísmo, a intolerância, ao nepotismo e oportunismo generalizado. Talvez confiando no seu saber sobre os processos estocásticos consiga (sobre) viver no meio desta aleatoriedade chamada governo.
Não partilhando do seu pensamento liberal (nem sei se o tem!), não percebo porque se deixou enredar em manobrismos políticos como o das bolsas de estudo (se o pensamento liberal tivesse presente na lógica governativa, criar-se-iam x escalões de apoio ao estudante – da isenção total a uma comparticipação mínima – em função do histórico dos seus resultados escolares). E para que não surgisse a exaltação de esquerda de que isso premeia os que tem melhores condições socioeconómicasa Segurança Social tem o dever de apoiar as outras situações não relacionadas diretamente com o ensino. Sabemos que este argumento não é totalmente verdadeiro porque, na maior parte dos casos, os “ricos” “compram” os seus cursos, sendo já uma prática mais ou menos circunstanciada dentro de determinados círculos sociais, dos aparelhos partidários e nas elites dominantes! Quem se preocupa com bons resultados escolares é a – em vias de extinção- a classe média!

É este servilismo de “moço” que me fica atravessado! O mais brilhante membro do Governo ocupou a 2ª pasta mais ingrata (a outra é ocupada pelo super gestor de agendas de sua graça Paulo Macedo, aclamado e endeusado manager da nossa praça, promovido a condição de Deus do Olimpo pelos formadores jotinhas que adoram copiar o seu estilo e cita-lo reverentemente, a par do José Mourinho!).

Então porque National Kid, este herói esquecido no tempo? Tal como muitos super-heróis tinha uma vida dupla: quando não estava a salvar o mundo no seu voo de braços abertos era Masao Hata – um…professor. O super-herói japonês foi criado para desenvolver um merchandising para o que seria futuramente a marca Panasonic. Ou seja, não era para ser a sério, mas para dar imagem
National Kid veio do espaço exterior mesmo a tempo de salvar a terra dos Incas Venusianos! Como qualquer super-herói que se preze tinha , capacete, máscara, capa, luva e um fato espacial com uma grande letra "N" (de Nuno) e duas pistolas que disparavam raios de luz.
Lutou também contra outras ameaças. Para além dos professores (perdão, Incas venusianos), os Seres Abissais, o Império Subterrâneo (nem vou dizer quem são!) e os zarrocos do Espaço (não me perguntem o que é um zarroco!).

Politicamente não partilho muito com National Kid. Mas respeito o seu gabarito e espírito de missão nesta miríade corporativa que só tem igual nas forças paramilitares. Mas por considera-lo um homem inteligente e capaz, lamento que não possa definir com a oposição um pacto de estabilidade na educação para, pelo menos 10 anos, para que não se ande todos os anos a mudar regras, propósitos, objetivos, etc. A educação é uma matéria demasiado importante para ser entregue ao jogo político e os partidos deviam sabe-lo.

Não percebo como é possível ter como seus pares indivíduos que mandam as pessoas emigrar, não ser piegas e passar a vida a responsabilizar o povo, entenda-se, os que sofrem dos problemas irresolúveis do corporativismo português, o pobre, o que sempre levou na cabeça antes e depois do 25 de Abril e que nunca é tido em conta na partilha da riqueza e que é preciso que se mantenha como tal – daí não precisar de muito ensino e cultura e todos os meios são necessários para o fazer, desde as TV’s até as elites culturais que comem à mesa do rei. Só assim, o povo se transforma na âncora do regime milenar das “famílias” nacionais e a pedra de Sísifo da nação.

Este é a apresentação do nosso herói:

Este retrata Nuno Crato a defender-se de um grupo de membros da Fenprof
http://www.youtube.com/watch?v=Ak_6Gv6wyOw&feature=related

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