Vítor Constâncio é um pensador que atravessa a vida de espanto em espanto.
Mais do que qualquer Governo, Ministro da Economia ou entidade reguladora do que seja, teve informação privilegiada, meios de averiguação, detecção e controle da banca e contas públicas; teve acesso à informação visceral de Governos e Ministros e proximidade com os seus pares europeus.
Com todo este manancial de informação está-se mesmo a ver que a única coisa que se produziria no filósofo seria…o espanto
Apenas aquele momento de vácuo, de suspensão inerte no éter, em que deslocamos o nosso ser para o exterior e observamos intrigados o que se está a passar.
O problema é que o seu espanto já dura uns aninhos e não sai mesmo disso, de um impasse entre a acção e a reacção.
Coagido pela Comunicação Social a sair da sua letargia esclarecida, produz afirmações (que só se verificam porque o processo de espanto mantém-se!) dignas de rótulo de embalagem de produto congelado. Como que a despachar os jornalistas, vai ao frigorífico mental e retira uma embalagem (não importa se dentro do prazo!) e mete no micro-ondas noticioso.
"A retoma agora anunciada, embora moderada, constitui um sinal de que se iniciou uma inversão do ciclo económico."
"A contenção da despesa corrente tem que ser prosseguida porque é indispensável para uma autêntica consolidação orçamental."
"A redução do défice orçamental implicará novas e difíceis medidas de contenção da despesa e presumo eu, nos próximos anos, alguns aumentos de impostos indirectos"
"Não me importo nada de reduzir o meu salário. Não contará com a minha oposição. Tenho o maior gosto de contribuir com o meu 13º mês".
O que lhe proponho é viver apenas com o seu 13º mês durante um ano, o que daria a simpática soma de 1.484,75€ por mês.
Garanto que mais de metade dos portugueses não desdenharia...
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