Pular para o conteúdo principal

O professor e o seu delfim

“Cada vez queremos ter mais direitos, o que reproduz um estado de espírito que olha para a realidade com uma visão unidimensional centrada nos direitos, escamoteando a sua contrapartida, ou seja, as obrigações. O presente e o futuro próximo estão e vão condicionar radicalmente esta perspectiva".

Ângelo Correia, "Correio da Manhã", 15-06-2010

Alvitrando a sua chegada ideológica ao poder por via do seu delfim – situação deveras preocupante – Ângelo Correia já tem direito a expressões de destaque na imprensa.

Esta frase (não é bem um sound bite) explica muito de um pensamento liberal – primitivo.

Os direitos, se existem, são uma chatice.

Esquece porventura que o fato de existirem direitos no papel não significa que o Estado ou os Cidadãos assegurem-no ou exerçam de pleno direito.

A Greve, embora seja um direito de todos apenas é utilizada pela Função Pública e não por outros trabalhadores pelas razões que se conhecem. Não é pois um direito: é uma possibilidade remota.

A emergência de Liberdades e Garantias constitucionais não tem, na sua maior parte expressão real na vida quotidiana. A Imprensa não é livre, as mulheres ganham menos que os homens, os direitos fundamentais (Educação, Saúde, Habitação, etc.) estão em fase de privatização acelerada aproveitando a boleia da crise que parece ter sido criada de propósito para arrumar com o Estado Social.

Aliás isto de todos terem direito é uma chatice.

Recordo que o Sr. Ângelo Correia (que segundo informação pública e disponível é um eminente administrador, à boa maneira da classe politica portuguesa, tendo rodado por inúmeras empresas habitualmente frequentadas) foi Ministro da Administração Interna e mandante da reposição da “ordem pública” no 1º de Maio no Porto em 1982, podendo pois associar ao seu currículo dois nomes: Pedro Vieira e Mário Emílio Gonçalves.

Não sei se eram boas pessoas ou arruaceiros, não sei se trabalhadores ou ociosos, não sei. Tinham 24 e 18 anos e foram mortos a tiro, numa violência desproporcionada entre pedras e metralhadoras.

O Delfim que apadrinha beberá do seu pensamento sendo já apontado como o sucessor natural na governação do país….Dou por mim a pensar no PS como um mal menor e uma súbita vontade de ir definitivamente embora para não mais voltar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alguém nos explica isto?

Os registos de voo obtidos por Ana Gomes em 2006 revelam que, entre 2002-2006, em pelo menos 94 ocasiões, aviões cruzaram o espaço aéreo português a caminho de ou provenientes da Baía Guantanamo . Em pelo menos 6 ocasiões aviões voaram directamente das Lajes nos Açores para Guantanamo. Ver o relatório da ONG britânica. Não creio que isto nos deixe mais seguros e tenho a certeza de que me deixa a consciência pesada, foi o estado em que me integro que permitiu isto. PS (por sugestão do Vinhas). As notícias sobre um dos aviões que transportaram presos para Guantánamo e que agora se despenhou no México carregado de cocaína podem ser vistas aqui e aqui ou ainda aqui.

Dez pontos de vista sobre as eleições americanas

Este texto surge em versão bilingue porque, por alguma razão inexplicável, grande parte das pessoas que acede a este site são provenientes dos Estados Unidos. Obviamente sabem português senão não nos visitavam. A opção de dobra-lo em inglês é permitir que se criem extensões possíveis a outros bloggers americanos. This text is published in a bilingual version because, for some reason I can't explain, most of the blog visitors come from USA. Obviously they know Portuguese or they wouldn't visit our blog. But the option to double it in English is to allow other American bloggers to read it. My apologies for this vain effort of translation. 1- Não sendo a democracia Americana uma verdadeira democracia (uma vez que o voto popular não é directo e as campanhas num país de dimensão continental envolvem verbas que não permitem a qualquer cidadão concorrer) nem a provável vitoria dos Democratas mudará este sistema perverso. American democracy is not a true democracy (as soon as the p...