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Dos governos minoritários e maiorias absolutistas

Na óptica dos partidos mais votados em Portugal, a governação em situação minoritária ou de coligação é inviável.
A ideia de um pequeno partido poder influenciar, propor e monitorar o comportamento aberrante dos partidos centrais é uma situação intolerável para estas máquinas de colocação de militantes e de controlo de investimentos privados.
Acenam com o caos, a ingovernabilidade e o piorar da situação do país.
Esquecem que o país caminhou para o fundo do abismo pela mão de ambos. Não por uma inépcia ou incapacidade das suas figuras, mas por dependência de quem os financia, de quem os povoa e da impossível subversão ao sistema corporativo vigente.
Sócrates afrontou algumas destas entidades instaladas e vive a antropofagia quotidiana dos jornais e televisões e – vejam lá – ele não é um perigoso extremista, até porque o seu partido chutou soberanamente João Cravinho para canto, mais os seus amoques contra a corrupção.
Se a memória não me falha Ferreira Leite foi a Ministra que teve a peregrina ideia de vender as dívidas da Segurança Social a privados (alienando do Estado uma responsabilidade sua, tudo para não onerar fortunas ociosas e não mexer nas tão JSD pequenas e médias empresas que precisam de tantos apoios que já parecem aqueles agentes culturais que o Sr. Rio tanto detesta e que lhe dão vontade de puxar a calculadora!).

Não me transtornam os governos minoritários. Se tiverem de cair, caem. Se promoverem a estabilidade, mesmo que com sacrifícios programáticos há que louva-los. Não será por isso que ficaremos pior ou melhor.
E seria uma boa demonstração de maturidade política. O fim da crença de que a Nação precisa de um pai/mãe salazarista.
Depois de tudo o que se tem visto ao nível financeiro e empresarial em Portugal, melhor será que estes dois “grandes” partidos sejam obrigados a uma partilha e que os inúmeros movimentos de cidadãos e grupos que se tem formado ultimamente comecem eles também a abandonar a sua lógica de quintal e se corporizem em grupos de controle e vigilância dos governantes.

Democracia é participação activa, não uma omissão critica casuística.

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