Pular para o conteúdo principal

Alice no país da crise

4. The Rabbit Sends in a Little Bill

O Coelho Branco manda Alice fazer um serviço.

Porque não se trata de um favor e sim uma ordem teremos de considerar um serviço.

Não falaram de vencimento, duração, direitos e deveres. Muito provavelmente será uma prestação temporária a recibos verdes.

O serviço é simples mas obriga a responsabilidade: tem de entrar na casa do Coelho. Isso poderia significar que o processo de adaptação estaria completo.

Não.

Tudo nesta vida e na vida sem Lógica obriga a avanços e recuos de maneira a nenhum processo estar verdadeiramente concluído antes de desaparecer o sentido da existência do processo em si.

Chegada à casa, o apelo da ordem inscrita na garrafa é inevitável. Alice bebe e agiganta-se. Ocupa toda a casa e nem o servo do Coelho Branco, o lagarto Bill consegue lá entrar.

Esta ocupação sindical e insubordinada no estrito cumprimento da ordem exarada pelo rótulo da garrafa irrita o proprietário Coelho. À falta de policiamento, recorre à pedrada para expulsar o ocupante da sua propriedade.

Estas estranhas pedras que se transformam em bolos são a solução do problema. Ao comer as suposta pedras que são doces, Alice recupera a normalidade, como se a violência trouxesse a redenção.

À saída depara-se com uma turba de animais dos quais tem de fugir porque mesmo num mundo fantasioso, a propriedade privada é sagrada e inalienável.

Penetra num misterioso bosque, o bosque para onde fogem todos os que são visados pela autoridade, o poder ou as entidades malévolas de vária ordem (pensem em todos os personagens de Grimm que se perdem, fogem ou simplesmente vão para o bosque procurar uma solução para os seus problemas.

O Bosque é o mítico espaço da reorganização daquilo que não controlamos, do que sofremos.

Alice encontra um Oráculo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alguém nos explica isto?

Os registos de voo obtidos por Ana Gomes em 2006 revelam que, entre 2002-2006, em pelo menos 94 ocasiões, aviões cruzaram o espaço aéreo português a caminho de ou provenientes da Baía Guantanamo . Em pelo menos 6 ocasiões aviões voaram directamente das Lajes nos Açores para Guantanamo. Ver o relatório da ONG britânica. Não creio que isto nos deixe mais seguros e tenho a certeza de que me deixa a consciência pesada, foi o estado em que me integro que permitiu isto. PS (por sugestão do Vinhas). As notícias sobre um dos aviões que transportaram presos para Guantánamo e que agora se despenhou no México carregado de cocaína podem ser vistas aqui e aqui ou ainda aqui.

2013: O que fazer com um ano inútil

Resumindo tudo e contra a corrente de louvor papal, o ano de 2013 teve como figura principal o conflito e poderia ser retratado por um jovem mascarado a atirar pedras contra a polícia. Nunca como em nenhum outro ano a contenção policial foi necessária perante a ordem de injustiças, desigualdades, nepotismos, etc., etc. etc. Os Estados deixaram de representar os povos, as nações estão a ser desmontadas e os grandes interesses financeiros instalam-se com uma linguagem musculada sobre o mundo, definido as barreiras dos que tem e dos que estão excluídos deste novo mundo que se desenha, ficando ainda umas réstias por eliminar mas que se mantem enquanto necessárias. Neste mundo conturbado onde grandes interesses se disfarçam, de Estado (Rússia, China ou Coreia, por exemplo) e onde o Estado foi substituído por interesses específicos de natureza transnacional (Portugal, Grécia ou Itália) ou aqueles em que o Estado é uma fachada de recurso (EUA) para interesses particulares. A dívida, a crise,...