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Alice no país da crise

4. The Rabbit Sends in a Little Bill

O Coelho Branco manda Alice fazer um serviço.

Porque não se trata de um favor e sim uma ordem teremos de considerar um serviço.

Não falaram de vencimento, duração, direitos e deveres. Muito provavelmente será uma prestação temporária a recibos verdes.

O serviço é simples mas obriga a responsabilidade: tem de entrar na casa do Coelho. Isso poderia significar que o processo de adaptação estaria completo.

Não.

Tudo nesta vida e na vida sem Lógica obriga a avanços e recuos de maneira a nenhum processo estar verdadeiramente concluído antes de desaparecer o sentido da existência do processo em si.

Chegada à casa, o apelo da ordem inscrita na garrafa é inevitável. Alice bebe e agiganta-se. Ocupa toda a casa e nem o servo do Coelho Branco, o lagarto Bill consegue lá entrar.

Esta ocupação sindical e insubordinada no estrito cumprimento da ordem exarada pelo rótulo da garrafa irrita o proprietário Coelho. À falta de policiamento, recorre à pedrada para expulsar o ocupante da sua propriedade.

Estas estranhas pedras que se transformam em bolos são a solução do problema. Ao comer as suposta pedras que são doces, Alice recupera a normalidade, como se a violência trouxesse a redenção.

À saída depara-se com uma turba de animais dos quais tem de fugir porque mesmo num mundo fantasioso, a propriedade privada é sagrada e inalienável.

Penetra num misterioso bosque, o bosque para onde fogem todos os que são visados pela autoridade, o poder ou as entidades malévolas de vária ordem (pensem em todos os personagens de Grimm que se perdem, fogem ou simplesmente vão para o bosque procurar uma solução para os seus problemas.

O Bosque é o mítico espaço da reorganização daquilo que não controlamos, do que sofremos.

Alice encontra um Oráculo.

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