Há algo de mórbido neste trabalho jornalístico dos balanços e previsões. É semelhante a passar fins-de-semana em velórios. Os balanços e as previsões tem o condão de nos deixar a sensação de que não iremos mudar de ano mas sim viver uma espécie de prolongamento da desgraça. Andei a visitar vários sítios e todos são unânimes nisso. Os balanços são uma seca pior do que as previsões, que pelo menos tem o condão de aguçar a curiosidade pelo que está para vir! As televisões e imprensa em geral repisam as desgraças todas, os mortos, os terramotos, um tiroteio na América, uma perseguição de carro (também na América), um serial killer alemão e um canibal russo! No final, numa nota de esperança e alívio depressivo, mostram, acompanhados de música cândida, o bem e o belo (versão oficial), as criancinhas a correr na praia, etc.! A imprensa económica especializada diz-nos o mesmo. Já sabemos e sinceramente acho que não será diferente de todos os outros anos: incomodamo-nos, agitamo-nos aqui e ali...
Opaco. Não é preto nem branco. Também não é cinzento. É algo que permite entrever (formas, silhuetas…). Percebe-se quando o movimento esta lá. Ao mesmo tempo não se sabe bem quem ou o que se move. A forma velada é sedutora e enganadora. Posso errar mas posso tentar. Lembra a infância, o bafo nas janelas das salas quentes quando chove lá fora. Identifica tudo aquilo que presumimos sem ter a certeza. É o avatar das nossas dúvidas!