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A TSU do PSD. Se não resolve, então porque?

Apesar da vontade de me manifestar continuar com os mesmos índices que a bolsa internacional, resolvi assinalar a minha existência neste tempo de incerteza (falo do Verão, claro. Se pensaram no tempo económico esqueçam: não há incerteza nenhuma. O processo de reestruturação sistémica do capitalismo internacional nos fará penar até o limite da guerra dos povos).
E o motivo que me faz sair da hibernação tem a sigla TSU. Poderia falar de outros temas fraturantes, mas sobre este governo do PSD já falei mesmo antes dele o ser em Os 98 Mandamentos – 1º Episódio algures neste blog.
Lá se fez o estudo sobre o impacto da redução da tida taxa que facilitará o processo de reconversão da Segurança Social já iniciado pela Dr. Leite quando andava por aí a governar.
O problema é que o estudo não deixa muita felicidade a ninguém.

Obviamente a medida, quando foi aconselhada a Passos Coelho pelo consórcio dos maiores gestores de Portugal visava o interesse de 4 grandes grupos: a banca, as seguradoras, os grandes retalhistas e algumas empresas exportadoras. Contratadores massivos, os três primeiros venderam o peixe de que as empresas exportadoras ganhariam competitividade com a baixa do custo fiscal do trabalho. Aliás, foi por aí que começou a ser vendido para a opinião pública.

Mas a margem criada pela redução fiscal (e que só é visível a partir dos 8% ou mais) será para a capitalização das empresas, não se reflectindo no preço concorrencial a não ser que estritamente necessário para ganhar novos mercados, o que não acontecerá. Mas então qual é a vantagem? Sanear os custos e flexibilizar os despedimentos só tem um objectivo: a venda internacional. É o que acontecerá a GALP, Petrogal e Portucel que são as de mão de obra intensiva.
As outras grandes empresas já são de capital estrangeiro e estão cá porque estão cá (Autoeuropa, Mabor, Repsol, Bosch, etc) mas que irão embora quando se justificar, nem que a taxa seja 0% porque haverá sempre quem seja capaz de produzir em regime de baixos salários: é a história do 3º Mundo.
As empresas que interessam verdadeiramente apoiar, as de base tecnológica e de mão de obra especializada (aquelas endeusadas PME’s dos tempos eleitorais, lembram-se?) não beneficiam em nada, dado o seu nível de especialização e mercados que não dependem do método serôdio nacional de fazer dinheiro, aquilo que todos os economistas nacionais sabem dizer e fazer: baixos salários.

Mas isso de baixarem a TSU enquanto medida tonta para agradar aos gestores-família nem é tão grave como a alternativa de financiamento e que consiste na subida do IVA.
Apesar de anedótica a ideia de aumentar o IVA intermédio (e a eventual extinção do escalão mínimo) para compensar uma medida que vai provocar mais umas centena de milhar de desempregados e a falência de milhares de pequenos negócios (presumo que sem repercussões de protecção social do Estado) e serviços, chegamos ao ponto de que a insensibilidade social destes liberais é o menor dos problemas. É mesmo a falta de inteligência de aplicar uma política agressiva num momento de recessão mundial em que os mercados se vão fechar sobre si próprios. Ninguém vai investir num país com uma política de risco que em menos de um ano passará para a confrontação social nas ruas.

Quanto a alternativa de poupança do Estado para o “encaixe” da redução nunca seria possível porque os Estados administrados por PSD e PS são incapazes de gerar poupança de longo prazo. Depois porque, a dada altura de orçamento, iriam introduzindo sub-repticiamente numa qualquer taxa (por exemplo, o IVA!).

Já sabíamos que os Economistas perderam o seu poderoso estatuto divino. Os CO’s e os MBA’s da Gestão estão agora ao nível dos tão mal afamados psicólogos, juntando o burlão ao que é apodado de charlatão. Faltava-nos a prova final.

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