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Passos e o ponto de rebuçado



Regresso dos mortos onde me encontro sossegado, a evitar tacitamente falar deste governo cuja ação já tinha descrito nos “ 98 Mandamentos”, altura em que apresentaram o seu projeto de revisão Constitucional.
Recordo que Passos não enganou ninguém. Desde cedo mostrou um pundonor ultraliberal, atrelado aos mestres fascistas do seu partido. Se somarmos este perfil ao fato de não lhe terem dado o poder (quem manda em Portugal é um consórcio de bancos internacionais que precisa de liberalizar a Europa e torna-la competitiva em termos laborais – regressando ao período do capitalismo jurássico) temos um sujeito que faz o que lhe mandam com algum prazer.
Toda a gente sabe que a receita do FMI vai falhar mais mês, menos mês e que acabaremos como a Grécia mas mais sossegadinhos.
O problema está no limite do cozinhar as medidas aplicadas.
“Desaumentar” os salário (o poder de compra já está em níveis subterrâneos) a troco de substituir o patronato na contribuição para uma entidade que o Governo irá privatizar se puderem merece apenas dois comentários: 
  1. É preciso ser muito cínico;
  2.  É preciso não ter a mínima consciência de que foi ultrapassado um ponto perigoso.

Este desconhecimento culinário que representa fazer um ponto de rebuçado (também chamado de “ponto de boca mole” com alguma propriedade) que separa o caramelo meloso, que escorre em fio e o calhau betuminoso que parte os dentes vai ter consequências muito mais sérias do que as poucas-vergonhas anteriores.
A partir de agora vai doer e será a todos.

Comentários

Diogo disse…
«A partir de agora vai doer e será a todos»


Estamos a lidar com criminosos que se julgam inimputáveis e precisamos de fazer qualquer coisa urgentemente.

Está mais que provado que as manifestações pacíficas, os cartazes, as palavras de ordem e as cantigas de protesto são completamente inúteis. Que fazer então?

Ouve-se muitas vezes dizer que "a violência gera violência", que "a violência nunca consegue nada", ou que "se se usar a violência para nos defendermos daqueles que nos agridem, ficamos ao nível deles". Todas estas afirmações baseiam-se na noção errada de que toda a violência é igual. A violência pode funcionar tanto para subjugar como para libertar:


* Um pai que pegue num taco para dispersar à paulada um grupo de rufias que está a espancar o seu filho, está a utilizar a violência de uma forma justa;

* Uma mulher que crave uma lima de unhas na barriga de um energúmeno que a está a tentar violar, está a utilizar a violência de uma forma justa;

* Um homem que abate a tiro um assassino que lhe entrou em casa e lhe degolou a mulher, está a utilizar a violência de uma forma justa;

* Um polícia que dispara contra um homicida prestes a abater um pacato cidadão, está a utilizar a violência de uma forma justa;

* Os habitantes de um bairro nova-iorquino que se juntam para aniquilar um bando mafioso (que nunca é apanhado porque tem no bolso os políticos, os juízes e os polícias locais), estão a utilizar a violência de uma forma justa;

* Um povo que usa a força dos músculos e das armas (já que sonegado de todas as entidades que que o deveriam defender), contra a Máfia do Dinheiro acolitada por políticos corruptos, legisladores venais e comentadores a soldo, cujos roubos financeiros descomunais destroem famílias, empresas e a economia de um país inteiro, esse povo está a utilizar a violência de uma forma justa.


Num país em que os políticos, legisladores e comentadores mediáticos estão na sua esmagadora maioria a soldo do Grande Dinheiro, só existe uma solução para resolver a «Crise»... Somos 10 milhões contra algumas centenas de sanguessugas...

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