A falta de um pensamento estratégico que desenhe um Portugal no futuro hipoteca em larga medida as decisões do presente e da emergência de um desígnio comum que seja assumido transversalmente por toda a sociedade e não apenas pelas supostamente representativas forças políticas.
Esta visão estratégica do futuro serviria para duas coisas fundamentais: elaborar estratégias de longo prazo devidamente participadas e assumidas pela globalidade da população, reduzindo as intenções de baixa política, sabotagem ou confrontação recorrente e criar condições para avaliar esta ou aquela execução política, reconhecendo os resultados de uma maneira credível que permitiria reagir ao que não foi atingido e valorizar o alcançado.
Para que isso aconteça é necessário que sejam claros para o povo alguns aspectos que compõem o futuro e que cercam essas opções: Globalização, Cultura e Relações Externas.
A primeira define toda a política económica futura; a segunda, a forma como nos manteremos enquanto estrutura social; e a última, que postura teremos no mundo, que aliados e inimigos, sabendo da limitação implícita à perda de soberania nesta área por força de um Tratado que foi soberanamente ignorado pela sociedade portuguesa.
Sem a compreensão destes pressupostos nunca será possível abordar o futuro de uma forma séria e coesa, tão necessária a um país de pequena dimensão económica, política e social.
Não me parece possível que este assunto seja algo para o domínio das opiniões. A concisão científica; apesar de não ser fácil a transmissão de alguns pressupostos é urgente, a formulação de cenários não deve ser deixada ao desbarato da política. Há técnicos e pensadores que poderão construir imagens do país com base científica.
E é na base destes cenários que as pessoas deveriam pronunciar-se sobre o que pretendem para o futuro do seu país e para os seus.
Com a globalização e o Tratado europeu as decisões e capacidade de Portugal se impor individualmente no cenário europeu, mesmo nas decisões que dizem respeito ao território, estão condicionadas. O nosso parceiro e aliado principal será, naturalmente a Espanha de quem dependeremos cada vez mais. Também a economia portuguesa será a pouco e pouco orientada pelo exterior, sendo as "golden-share" que o Estado assegura à revelia do que se possa dizer, algo que passará à extinção nos próximos anos, não restando nada nessa área que se possa vir a fazer parte de uma "economia portuguesa".
A cultura – aqui designando uma forma de ser e estar no mundo que depende de valores como a cidadania, a educação, a criação e promoção do saber construído, a participação social e politica e a preocupação com o território na sua dimensão social e ecológica – depende, em larga medida daquilo que o Estado deve, de facto, dar ao país.
E neste aspecto, há que ser realista: a um povo com um número elevado de pessoas a viver na pobreza, envelhecido, com baixa formação académica, com expectativas de vida limitadas, trabalho precário e baixa remuneração não se lhe pode exigir uma participação cívica activa.
Portugal sempre foi um país dominado por elites familiares e corporações. Mas esse meio milhão de predestinados que dominam todos os sectores da vida portuguesa não se conseguem renovar nem trazer algo de novo, cerceando as alternativas, impedindo que mais alguém fora do "eixo" possa trazer algo de novo.
Finalmente, nas relações externas pouco ou nada se pode esperar se a promoção do mundo lusófono não for tida como um desígnio fundamental. Se isso custa uns acentos e letras acho um preço razoável a pagar. Este é o único lugar no mundo que Portugal poderá ocupar de forma significativa.É bom que percebam que será o último nicho onde nos poderemos abrigar quando for extinta toda a individualidade portuguesa na Europa.
Seria bom que começássemos a projectar o nosso futuro em 2020. Temos 10 anos para o fazer e para nos preparar. Chegará?
Esta visão estratégica do futuro serviria para duas coisas fundamentais: elaborar estratégias de longo prazo devidamente participadas e assumidas pela globalidade da população, reduzindo as intenções de baixa política, sabotagem ou confrontação recorrente e criar condições para avaliar esta ou aquela execução política, reconhecendo os resultados de uma maneira credível que permitiria reagir ao que não foi atingido e valorizar o alcançado.
Para que isso aconteça é necessário que sejam claros para o povo alguns aspectos que compõem o futuro e que cercam essas opções: Globalização, Cultura e Relações Externas.
A primeira define toda a política económica futura; a segunda, a forma como nos manteremos enquanto estrutura social; e a última, que postura teremos no mundo, que aliados e inimigos, sabendo da limitação implícita à perda de soberania nesta área por força de um Tratado que foi soberanamente ignorado pela sociedade portuguesa.
Sem a compreensão destes pressupostos nunca será possível abordar o futuro de uma forma séria e coesa, tão necessária a um país de pequena dimensão económica, política e social.
Não me parece possível que este assunto seja algo para o domínio das opiniões. A concisão científica; apesar de não ser fácil a transmissão de alguns pressupostos é urgente, a formulação de cenários não deve ser deixada ao desbarato da política. Há técnicos e pensadores que poderão construir imagens do país com base científica.
E é na base destes cenários que as pessoas deveriam pronunciar-se sobre o que pretendem para o futuro do seu país e para os seus.
Com a globalização e o Tratado europeu as decisões e capacidade de Portugal se impor individualmente no cenário europeu, mesmo nas decisões que dizem respeito ao território, estão condicionadas. O nosso parceiro e aliado principal será, naturalmente a Espanha de quem dependeremos cada vez mais. Também a economia portuguesa será a pouco e pouco orientada pelo exterior, sendo as "golden-share" que o Estado assegura à revelia do que se possa dizer, algo que passará à extinção nos próximos anos, não restando nada nessa área que se possa vir a fazer parte de uma "economia portuguesa".
A cultura – aqui designando uma forma de ser e estar no mundo que depende de valores como a cidadania, a educação, a criação e promoção do saber construído, a participação social e politica e a preocupação com o território na sua dimensão social e ecológica – depende, em larga medida daquilo que o Estado deve, de facto, dar ao país.
E neste aspecto, há que ser realista: a um povo com um número elevado de pessoas a viver na pobreza, envelhecido, com baixa formação académica, com expectativas de vida limitadas, trabalho precário e baixa remuneração não se lhe pode exigir uma participação cívica activa.
Portugal sempre foi um país dominado por elites familiares e corporações. Mas esse meio milhão de predestinados que dominam todos os sectores da vida portuguesa não se conseguem renovar nem trazer algo de novo, cerceando as alternativas, impedindo que mais alguém fora do "eixo" possa trazer algo de novo.
Finalmente, nas relações externas pouco ou nada se pode esperar se a promoção do mundo lusófono não for tida como um desígnio fundamental. Se isso custa uns acentos e letras acho um preço razoável a pagar. Este é o único lugar no mundo que Portugal poderá ocupar de forma significativa.É bom que percebam que será o último nicho onde nos poderemos abrigar quando for extinta toda a individualidade portuguesa na Europa.
Seria bom que começássemos a projectar o nosso futuro em 2020. Temos 10 anos para o fazer e para nos preparar. Chegará?
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