Gosto dos Simpsons.
São uma família desajustada, disfuncional e incoerente. Uma família do mundo ocidental que há muito mandou a política às urtigas, cujo universo centra-se na televisão e onde não há espaço para o desenvolvimento humano. Para eles, a vida gira em torno das refeições, do bar, da escola, num circuito fechado e estreito e as enormidades da análise do “real distante” são uma reprodução (e não uma caricatura) do pensamento de uma certa classe média americana, com tiques nacionalistas, uma falta de cultura confrangedora e uma interpretação dos factos feita a partir de uma colecção de bites avulsos apreendidos de passagem.
Chega a ser dolorosamente real a relação com as instituições (a indiferença de Bart pela escola, a incapacidade da escola oferecer mais a Liza, a “seca” que é o trabalho na central nuclear, esta fonte de riqueza de Springfield e, ao mesmo tempo, a sua desgraça).
Aquele tom permanentemente fora do politicamente correcto é delicioso e só possível no mundo ocidental por ser animação. O processo educativo dos filhos onde só há afectos e não exemplos e cada um constrói-se à sua maneira é cómico e ao mesm o tempo real.
Louve-se a América que é capaz de uma auto-crítica tão mordaz e profunda (a América tem imensas coisas louváveis como ter informações à disposição sobre o que fazem de positivo ou negativo. A Europa não é bem assim…).
Admira-me que os Simpsons não sejam uma série de culto nos países árabes (pelos vistos não passa em alguns deles!), para a esquerda latino americana que pode mostrar aos jovens o exemplo acabado do que nos podemos tornar se confiarmos nos yankees e para uma certa Europa pedante e intelectualmente “superior” que pensa que todos americanos são mesmo assim.
A irreverência no tratamento do seu próprio país, apenas possível na América (diga o que se disser, os Estados Unidos ainda são o país onde se pode ter este tipo de relação com as instituições sem levar com um processo) deveria contentar os que não gostam dos americanos, das suas políticas de ocupação militar e económica. Devia ser sempre exibida em prime time, nas escolas e cultivada como o verdadeiro exemplo da estupidez americana.
Mas não!
Venezuela e agora a Argentina, por diferentes motivos pretendem lançar à fogueira a série. Se no caso da Venezuela é uma anedota o argumento de que os Simpsons não são adequados às crianças (com certeza os desenhos tipo manga serão melhores e mais “formativos”) e substitui-los por Baywatch (pelo qual suspira o público adolescente!), no caso da Argentina é mais sério.
O Peronismo é uma espécie de culto mariano na Argentina. Nada nem ninguém pode criticar a sua imagem. Os autores da história certamente confundiram o período negro da ditadura militar argentina com o período de governo de Perón. Nada mais normal e que poderia/deveria ser entendido no contexto da própria série.
E mesmo que não se trate de um engano, convém notarem que Péron, como qualquer outro líder que alcança o poder e a adoração popular também teve os seus defeitos e alguns deles imperdoáveis como o acolhimento dos Nazis no pós-guerra.
São uma família desajustada, disfuncional e incoerente. Uma família do mundo ocidental que há muito mandou a política às urtigas, cujo universo centra-se na televisão e onde não há espaço para o desenvolvimento humano. Para eles, a vida gira em torno das refeições, do bar, da escola, num circuito fechado e estreito e as enormidades da análise do “real distante” são uma reprodução (e não uma caricatura) do pensamento de uma certa classe média americana, com tiques nacionalistas, uma falta de cultura confrangedora e uma interpretação dos factos feita a partir de uma colecção de bites avulsos apreendidos de passagem.
Chega a ser dolorosamente real a relação com as instituições (a indiferença de Bart pela escola, a incapacidade da escola oferecer mais a Liza, a “seca” que é o trabalho na central nuclear, esta fonte de riqueza de Springfield e, ao mesmo tempo, a sua desgraça).
Aquele tom permanentemente fora do politicamente correcto é delicioso e só possível no mundo ocidental por ser animação. O processo educativo dos filhos onde só há afectos e não exemplos e cada um constrói-se à sua maneira é cómico e ao mesm o tempo real.
Louve-se a América que é capaz de uma auto-crítica tão mordaz e profunda (a América tem imensas coisas louváveis como ter informações à disposição sobre o que fazem de positivo ou negativo. A Europa não é bem assim…).
Admira-me que os Simpsons não sejam uma série de culto nos países árabes (pelos vistos não passa em alguns deles!), para a esquerda latino americana que pode mostrar aos jovens o exemplo acabado do que nos podemos tornar se confiarmos nos yankees e para uma certa Europa pedante e intelectualmente “superior” que pensa que todos americanos são mesmo assim.
A irreverência no tratamento do seu próprio país, apenas possível na América (diga o que se disser, os Estados Unidos ainda são o país onde se pode ter este tipo de relação com as instituições sem levar com um processo) deveria contentar os que não gostam dos americanos, das suas políticas de ocupação militar e económica. Devia ser sempre exibida em prime time, nas escolas e cultivada como o verdadeiro exemplo da estupidez americana.
Mas não!
Venezuela e agora a Argentina, por diferentes motivos pretendem lançar à fogueira a série. Se no caso da Venezuela é uma anedota o argumento de que os Simpsons não são adequados às crianças (com certeza os desenhos tipo manga serão melhores e mais “formativos”) e substitui-los por Baywatch (pelo qual suspira o público adolescente!), no caso da Argentina é mais sério.
O Peronismo é uma espécie de culto mariano na Argentina. Nada nem ninguém pode criticar a sua imagem. Os autores da história certamente confundiram o período negro da ditadura militar argentina com o período de governo de Perón. Nada mais normal e que poderia/deveria ser entendido no contexto da própria série.
E mesmo que não se trate de um engano, convém notarem que Péron, como qualquer outro líder que alcança o poder e a adoração popular também teve os seus defeitos e alguns deles imperdoáveis como o acolhimento dos Nazis no pós-guerra.
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