Instalava-se o caos, a vida corria pacata, cada qual metido com a sua. Não podia ser. Poucas-vergonhas, depravação, magalhães a surfar publicamente no que devia ter uma gola alta, livros com obras de arte pouco púdicas na capa, escarrapachadas à vista de todos! O caos! Mas nada disto se vai realizar, a Brigada dos Bons Costumes voltou, omnipresente, anónima mas eficaz na sua eterna luta contra as poucas vergonhas, na defesa do recatamento e da vida direitinha limpinha, sensatinha. Eles estão aí. Cuidado senhoras com o tamanho da saia e do decote, brandos costumes exigem brandos decotes, pernas tapadas, cuidado artistas vejam bem que caminhos e pensamentos leva a vossa arte pensem nas públicas virtudes, no bom-senso, enfim. Os companheiros do bom senso têm, com a crise, as respectivas vidinhas arrumadas, naturalmente, e na sua eterna disponibilidade e generosidade, querem agora arrumar as vidas alheias, só para ter tudo ordenadinho, bonitinho enfim. Como deve ser. E são tão generosos q...
Opaco. Não é preto nem branco. Também não é cinzento. É algo que permite entrever (formas, silhuetas…). Percebe-se quando o movimento esta lá. Ao mesmo tempo não se sabe bem quem ou o que se move. A forma velada é sedutora e enganadora. Posso errar mas posso tentar. Lembra a infância, o bafo nas janelas das salas quentes quando chove lá fora. Identifica tudo aquilo que presumimos sem ter a certeza. É o avatar das nossas dúvidas!