Pular para o conteúdo principal

Admirável mundo novo

Há tempos surgiu uma notícia sobre a descoberta da bioquímica do amor desmistificando este sentimento. Com efeito explica-se que tudo não passa de um mecanismo cerebral de recompensa governado pelo neurotransmissor dopamina - o mesmo que governa dependências como o tabaco, heroína ou cocaína. E pronto, lá se foi o romântico 'não posso viver sem ti', agora passa a soar como 'não consigo deixar de fumar'.
Ao que parece, os ingredientes do amor não são olhares de carneiro mal morto ou prosaicos bíceps, mas duas hormonas que actuam sobre o cérebro, no caso feminino a oxitoxina, no masculino a vasopressina. Enfim, uma desilusão!
Ainda por cima, a ser assim, esta descoberta tem consequências de longo alcance. Desde logo para os juristas especializados em divórcio. Esqueçam, quando muito poderão accionar médicos ou farmacêuticos por erro nas dosagens prescritas e que podem originar a paixão de um dos cônjuges pelo canalizador ou, quiçá, pelo muro da garagem. Mas não serão apenas juristas os atingidos por esta revolução científica. Os consultores sentimentais terão de reciclar a sua formação, afinal são as neurociências que comandam estas questões e tudo não passa da actuação de químicos no cérebro. Mas isto é o menos, então e os dramas românticos? Romeu e Julieta acabam com um pensinho no braço e está resolvido.
Desolador mundo novo!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alguém nos explica isto?

Os registos de voo obtidos por Ana Gomes em 2006 revelam que, entre 2002-2006, em pelo menos 94 ocasiões, aviões cruzaram o espaço aéreo português a caminho de ou provenientes da Baía Guantanamo . Em pelo menos 6 ocasiões aviões voaram directamente das Lajes nos Açores para Guantanamo. Ver o relatório da ONG britânica. Não creio que isto nos deixe mais seguros e tenho a certeza de que me deixa a consciência pesada, foi o estado em que me integro que permitiu isto. PS (por sugestão do Vinhas). As notícias sobre um dos aviões que transportaram presos para Guantánamo e que agora se despenhou no México carregado de cocaína podem ser vistas aqui e aqui ou ainda aqui.

2013: O que fazer com um ano inútil

Resumindo tudo e contra a corrente de louvor papal, o ano de 2013 teve como figura principal o conflito e poderia ser retratado por um jovem mascarado a atirar pedras contra a polícia. Nunca como em nenhum outro ano a contenção policial foi necessária perante a ordem de injustiças, desigualdades, nepotismos, etc., etc. etc. Os Estados deixaram de representar os povos, as nações estão a ser desmontadas e os grandes interesses financeiros instalam-se com uma linguagem musculada sobre o mundo, definido as barreiras dos que tem e dos que estão excluídos deste novo mundo que se desenha, ficando ainda umas réstias por eliminar mas que se mantem enquanto necessárias. Neste mundo conturbado onde grandes interesses se disfarçam, de Estado (Rússia, China ou Coreia, por exemplo) e onde o Estado foi substituído por interesses específicos de natureza transnacional (Portugal, Grécia ou Itália) ou aqueles em que o Estado é uma fachada de recurso (EUA) para interesses particulares. A dívida, a crise,...