Pular para o conteúdo principal

E porque se fala de S. Valentim...

Belzebu de Saia
zeca baleiro/1994

se você aguarda ansiosamente que eu ainda te chalere
não espere eu não chalero
me considero
eu não suporto eu não tolero lero
vamos deixar em um a zero
juro por deus e pelo santíssimo clero

que eu não te quero
nem pintado de amarelo
sua Messalina eu nunca tive
vocação pra Nero
- só me arrependo do dia em que
ofegante no cinema
exclamei chérie my love eu te venero!

há quanto tempo que eu ouvia esse falatório
não se falava outra coisa no escritório
o açougueiro o quitandeiro até o boticário
e você sempre era o pivô do comentário
agora basta mandei acabar com esse palavrório
do caldeirão de breu você pode escapar
mas não escapará da panela
de pressão do purgatório
- ah eu não tô aqui pra Cristo nem
pra General Osório!

se você pensa que ainda sonho com
os teus afagos
os teus lábios nos meus lábios

ou beijando os meus bagos
sai dessa nega chega de pose barata que te roa
tô indo bem você tá boa? mulher à toa!
te desconjuro eu nunca vi tanta urucubaca
ah pro inferno sua bruaca sua mocréia
eu sei me defender do teu feitiço de medéia
- mas devolve aquele disco
que eu comprei da Wanderléa

a vida é mesmo esse campeonato,
é um grande perde-e-ganha
e ganha mais quem mais barganha
por conta disso pouquinha coisa
no mundo hoje me assanha
- ainda me chega essa desgranha
doida falsa e sem vergonha!

meu São Longuinho

ah dai-me forças não aguento mais
vade retro satanás vai caçar teu pasto
procura outro deus é pai não é padrasto!

e never more I don't sleep no ponto xuxu
não dou carniça pra urubu
da próxima vez antes do peixe

eu armo um sururu

não me aguento vou acabar recitando bilac
ora dareis um piripaque um firiquite little black
um faniquito

certo perdeste o senso do ridículo
- eu tenho cara de jerico?
bem que sou manso

mas não sei mugir boi é que muge
o meu amor não é babuge

não é sobejo nem só abraço

é maior que o Moulin Rouge
- e vá limpar a sua cara cheinha de ruge
antes que eu mesmo suje!

como dizia Alain Delon

o amor é sempre osso
quando não é carne de pescoço
como dizia Charles Aznavour
o amor é fria mon amour
só tem caroço nesse angu
eu sou tão moço eu não mereço
tanta consumição eu mesmo não
Dalila larga dessa tesoura
que eu não sou Sansão

agora veja

vem e me diz que ainda me deseja
- sai de banda dona beija
vai tomar chá de carqueja
você não vai ter minha cabeça Salomé numa bandeja
vai embora ou você ainda vira capa da revista veja
dessa murrinha Jesus de Nazaré que me proteja
- Deus livre e guarde dessa tentação do cão

e assim seja!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alguém nos explica isto?

Os registos de voo obtidos por Ana Gomes em 2006 revelam que, entre 2002-2006, em pelo menos 94 ocasiões, aviões cruzaram o espaço aéreo português a caminho de ou provenientes da Baía Guantanamo . Em pelo menos 6 ocasiões aviões voaram directamente das Lajes nos Açores para Guantanamo. Ver o relatório da ONG britânica. Não creio que isto nos deixe mais seguros e tenho a certeza de que me deixa a consciência pesada, foi o estado em que me integro que permitiu isto. PS (por sugestão do Vinhas). As notícias sobre um dos aviões que transportaram presos para Guantánamo e que agora se despenhou no México carregado de cocaína podem ser vistas aqui e aqui ou ainda aqui.

2013: O que fazer com um ano inútil

Resumindo tudo e contra a corrente de louvor papal, o ano de 2013 teve como figura principal o conflito e poderia ser retratado por um jovem mascarado a atirar pedras contra a polícia. Nunca como em nenhum outro ano a contenção policial foi necessária perante a ordem de injustiças, desigualdades, nepotismos, etc., etc. etc. Os Estados deixaram de representar os povos, as nações estão a ser desmontadas e os grandes interesses financeiros instalam-se com uma linguagem musculada sobre o mundo, definido as barreiras dos que tem e dos que estão excluídos deste novo mundo que se desenha, ficando ainda umas réstias por eliminar mas que se mantem enquanto necessárias. Neste mundo conturbado onde grandes interesses se disfarçam, de Estado (Rússia, China ou Coreia, por exemplo) e onde o Estado foi substituído por interesses específicos de natureza transnacional (Portugal, Grécia ou Itália) ou aqueles em que o Estado é uma fachada de recurso (EUA) para interesses particulares. A dívida, a crise,...