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Família do Sec. XXI

Voltando ao tema que a Helena abordou em post recente e sem querer fazer concorrência, importa reflectir um pouco do que é isso da família nos dias que vivemos.

A família enquanto instituição começou a mudar a partir dos anos 50, acelerou as mudanças nos 60 e a partir daí começou a sofrer configurações diferenciadas de forma embrionária (e não aceites no contexto da estrutura normalizadora) que foram ganhando solidez no final do Sec. XX.

Actualmente a Família do século passado, fundamentada numa patente religiosa (casal hetero com prole originária de um amor fundamentado na procriação) existe de uma forma residual em alguns países Ocidentais e em outros cuja influência da Igreja e a Pobreza se manifestam de forma mais ostensiva.

Não estou a fazer nenhum juízo de valor. Apenas constatações!

Trata-se de um modelo de Família que sofrem o mesmo problema dos Pandas: enquanto existir o seu alimento específico (a instituição religiosa) existirá como um fenómeno raro e em vias de extinção. Não me agrada que desapareçam (a diversidade é importante!) mas as religiões não ajudaram muito. As posições de rigor sobre a sexualidade, o divórcio, contracepção entre outros fizeram com que a Instituição marcasse passo enquanto o mundo avançava sem ela.

Desta ruptura resultaram várias formas de união, mas também a solidão da monoparentalidade (por opção ou como consequência), a escolha da solidão ou a solidão “por que não calhou”, aspectos para além das questões da sexualidade.

Curiosamente o que parece não mudar é o casamento dentro de uma mesma estrutura classista ou se preferirem meio económico. Ou seja ricos casam com ricos (haverá algumas histórias de novela, mas episódicas!), pobres com pobres (o ciclo mantém-se) e a classe média…casa por amor!

Se existir algum bom senso colectivo, todos os modelos de família que entretanto aparecerem serão absorvidos no conceito geral que tenderá a mudar para aquilo que de facto interessa: a comunhão de afectos. A família é um vínculo de afectos e não uma célula de um tecido social que para existir tem de ser permanentemente remendado.

Sendo uma união afectiva volátil e não uma instituição, a sua função de reprodução de espécie, de controle social, de transmissão de cultura, estruturas e afectos será significativamente alterada. Isto não quererá dizer pior. Diferente.

Ninguém pode dizer que o modelo de família cristã resultou em grande coisa; as guerras, a violência e a intolerância são o resumo da história dos últimos séculos.

Porque não tentar algo diferente? Será que este século precisará mesmo de instituições? Ou deverão existir outras formas de expressar o interesse comum?

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