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Período de reflexão


Terminada a ronda folclórica dos candidatos pelo país possível, cabe agora ao povo pronunciar-se sobre os candidatos.
Retirando a mole de gente que fará o seguidismo partidário porque a isso são obrigados, seja por razões ideológicas, seja por protecção dos seus interesses, fica um conjunto de cidadãos que irão avaliar o que são e o que significa ter um presidente A, B ou C.

Desta fatia, confesso que haverá uma ignorância generalizada do que representa a figura institucional do Presidente num regime parlamentar.
Um Presidente não tem poder, para além do veto e da verificação das dúvidas emergentes da Lei votada em sede de poder ou exarada pelos governantes. Pode ainda dissolver a Assembleia da República em condições muito específicas.
À parte estes poderes, a figura Presidencial é um representante do país, uma imagem que se transmite para o mundo e para o país do que somos, do que queremos parecer ser, quais são as nossas ideias, aspirações e desígnios.

Um Presidente deve expressar uma imagem do que são os portugueses.
Chegado a este aspecto central para a definição da escolha e olhando para os candidatos em disputa, teremos de encontrar aquele que, do nosso ponto de vista, representa melhor a imagem do país, aquele que se assume como a nossa face, onde nos revemos em caso de dúvida, onde encontramos alguém que espelha o nosso sentimento e que melhor traduz o que somos para o exterior.

Este critério de reflexão é exigente.
Afinal, o que somos nós, Portugal? Qual é o nosso caminho, o nosso querer? Em que acreditamos e que tipo de sociedade gostaríamos de poder ser? Qual é o nosso verdadeiro contributo para a afirmação como uma nação de pessoas solidárias, participativas e empenhadas no bem-estar das gerações futuras?
Quais são os nossos defeitos e angústias, o que temos de mudar em nós para atingirmos uma imagem positiva de nós mesmos? Que demónios temos de exorcizar para nos sentirmos ” limpos” e pertencentes a um lugar de que nos orgulhamos? Que esforços e sacrifícios temos de realizar até chegarmos a um lugar de que nos orgulhamos? Quem e quantas coisas e pessoas teremos de eliminar para que seja possível criar um laço, uma pertença, um lar?

Poderá acontecer que, depois de varrer os candidatos por estes critérios, concluamos que nenhum preenche os requisitos. Seja. Expressem em votos esta decisão.
Poderão sentir um legítimo desinteresse e descrença no sistema e nas figuras. Aceito. Apenas tem de ir a urna manifesta-lo, mesmo que seja para destilar ódios no boletim.
Acredito numa abstenção elevada que, neste momento serve apenas os interesses de quem, qualquer dia, irá criar critérios de cidadania para apenas alguns votarem, ou mesmo suprimir este aborrecimento que é a livre escolha.

O que escolherem será o rosto do Portugal que querem durante 5 anos.



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