Não se pode apagar o passado. Pode-se erguer um futuro, começar com as cicatrizes fechadas.
A América entrou no seu ano 0. A partir daqui, construir um caminho mais verdadeiro. Não acredito em grandes mudanças do sistema, nem no fim do capitalismo americano, nem tão pouco no fim dos mecanismos de pressão e coacção. Seria pedir muito e o impossível.
O que se muda é um significado, um extenso significado.
Na década de 50, Rose Parks recusou ceder um lugar no autocarro; passados 53 anos, a Democracia americana reconhece um Presidente negro, eleito por todo um povo.
Não foi um favor as minorias, foi uma conquista de direito próprio.
Com esta eleição fica para trás a escravatura, o apartheid e a imagem de um povo em perpétuo conflito. Um povo que cresceu mas que se espera que não esqueça, porque cada desvio é um reinício.
De qualquer modo há que reconhecer o mérito da América de produzir esta mudança em 50 anos (descontando obviamente a escravatura!). A Europa seria incapaz de faze-la (na Europa as mudanças são formais, não mentais).
Mais de que uma questão de cor, o significado da mudança passa por um discurso integrador, unificador enquanto nação e de preocupação com os cidadãos. As pessoas e as suas dificuldades entraram no discurso americano e não apenas pela mão da crise dos mercados. Antes disso já a pobreza, a falta de oportunidades e de cuidados sociais varria a América entretida com um belicismo que julga intimidar ou resolver os descaminhos do mundo e orgulhar o cidadão americano que vive num carro com a família, sem emprego nem perspectivas.
Esta mudança de significado em que o cidadão passa a ser mais importante que o “país” (enquanto conceito de falsa grandeza) é, de facto, o que conta como importante.
A noção de um povo unido em torno de si próprio, independentemente da cor, sexo, idade ou estatuto, um país capaz de começar de novo explica o momento mais emocionante da noite eleitoral, no meu ponto de vista: as lágrimas de Jesse Jackson.
A América entrou no seu ano 0. A partir daqui, construir um caminho mais verdadeiro. Não acredito em grandes mudanças do sistema, nem no fim do capitalismo americano, nem tão pouco no fim dos mecanismos de pressão e coacção. Seria pedir muito e o impossível.
O que se muda é um significado, um extenso significado.
Na década de 50, Rose Parks recusou ceder um lugar no autocarro; passados 53 anos, a Democracia americana reconhece um Presidente negro, eleito por todo um povo.
Não foi um favor as minorias, foi uma conquista de direito próprio.
Com esta eleição fica para trás a escravatura, o apartheid e a imagem de um povo em perpétuo conflito. Um povo que cresceu mas que se espera que não esqueça, porque cada desvio é um reinício.
De qualquer modo há que reconhecer o mérito da América de produzir esta mudança em 50 anos (descontando obviamente a escravatura!). A Europa seria incapaz de faze-la (na Europa as mudanças são formais, não mentais).
Mais de que uma questão de cor, o significado da mudança passa por um discurso integrador, unificador enquanto nação e de preocupação com os cidadãos. As pessoas e as suas dificuldades entraram no discurso americano e não apenas pela mão da crise dos mercados. Antes disso já a pobreza, a falta de oportunidades e de cuidados sociais varria a América entretida com um belicismo que julga intimidar ou resolver os descaminhos do mundo e orgulhar o cidadão americano que vive num carro com a família, sem emprego nem perspectivas.
Esta mudança de significado em que o cidadão passa a ser mais importante que o “país” (enquanto conceito de falsa grandeza) é, de facto, o que conta como importante.
A noção de um povo unido em torno de si próprio, independentemente da cor, sexo, idade ou estatuto, um país capaz de começar de novo explica o momento mais emocionante da noite eleitoral, no meu ponto de vista: as lágrimas de Jesse Jackson.
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