I
Em Dez pontos de vista sobre as eleições americanas, afirmava que Hillary não tinha hipótese de ser candidata porque apesar de Obama ser negro é homem. A sociedade americana tem evidentemente um problema com o feminino.
É ponto assente que a imagem que passam, veiculadas no cinema, na publicidade, etc. reflecte uma ambiguidade composta por inúmeros sinais inconciliáveis.
É fácil perceber o papel da mulher nas sociedades tradicionais e a visão das religiões, independentemente da concordância ou não com este.
No mundo Ocidental, o que se pede a mulher é que seja contraditória em valores, atitudes e imagens. A mulher tem de facilmente vestir um avental, uma lingerie e um fato de executiva e ser convincente com os três!
Esta enorme exigência e vivência prismática representa algo que lhes é imposto num mundo onde o homem é vendido como o "concorrente a abater", onde querem que mantenham a imagem de "regente do lar" e que corresponda a um modelo de beleza e sensualidade marcadamente elitista.
Comparando todas as exigências quase sentimos a tentação de dizer que, afinal, andar de burka até nem será assim tão mal!
É neste mar de contradições e sobreposições, surgem as mulheres na política.
Hillary é apenas competente. Não chega. Não pode ser sexy. A idade não lho permite. O seu desempenho como mãe e "fada do lar" é discreto (afinal não apunhalou o marido, nem ao menos uma cena dramática sobre o oval issue!)
Estes handicaps são inultrapassáveis, principalmente junto do seu próprio género.
Condoleeza é a mulher esforçada que sacrificou a sua vida por uma causa representada por um homem: Bush.
Acredito que a maior parte dos americanos nem a vejam como mulher e a visão pública do seu trabalho estará mais próxima do secretariado (uma senhora bem posta que reproduz Bush). Uma side woman sem família visível, sem sex appeal.
II
Pelo desenho apresentado começam a ser perceptíveis as razões que estão na base da escolha de Palin.
No Congresso Republicano, Giulliani apontava o perfil:
Uma jovem e enérgica mulher, sem grande currículo em Washington e que electrizasse o eleitorado;
Sem vínculos a actual Administração;
Pró-Vida (ou anti IGV);
Pró-Armas (o principal lóbi americano);
E a frase final do seu perfil define tudo:
Mulher ou minoria de contraponto a Hillary ou Obama que se opusesse à ideia que a América apenas elege homens brancos!
Como vemos, o currículo e experiência não contam nada. O que é preciso é uma novidade. A capacidade ou saber não importam (depois de Bush qualquer ser vivo unicelular pode sonhar com o cargo!).
Vistas as coisas, o factor sexy foi o valor acrescentado da candidata. O pertencer a lóbis conservadores era obrigatório.
A escolha é portanto correcta: uma jovem Barbie sem experiência ou discurso político (pelos vistos nem o de circunstância), sem uma opinião inteligível sobre qualquer dos temas de interesse social ou económico e com posições absolutamente cristalizadas em preconceito, colocando-se ao nível de um Taliban fanático!
No entanto podemos vê-la como Miss, como adolescente descuidada e, no mesmo fôlego, como mãe de não sei quantos filhos e como representante do país com mais armas de destruição maciça!
Ela é um achado!
Quanto aos receios tipicamente europeus quanto à idade de McCain e a probabilidade de Palin assumir a presidência em caso de morte deste, estejam descansados: quem manda verdadeiramente na América estará lá, a controlar, como sempre esteve.
http://oopaco.blogspot.com/2008/01/dez-pontos-de-vista-sobre-as-eleies.html
Em Dez pontos de vista sobre as eleições americanas, afirmava que Hillary não tinha hipótese de ser candidata porque apesar de Obama ser negro é homem. A sociedade americana tem evidentemente um problema com o feminino.
É ponto assente que a imagem que passam, veiculadas no cinema, na publicidade, etc. reflecte uma ambiguidade composta por inúmeros sinais inconciliáveis.
É fácil perceber o papel da mulher nas sociedades tradicionais e a visão das religiões, independentemente da concordância ou não com este.
No mundo Ocidental, o que se pede a mulher é que seja contraditória em valores, atitudes e imagens. A mulher tem de facilmente vestir um avental, uma lingerie e um fato de executiva e ser convincente com os três!
Esta enorme exigência e vivência prismática representa algo que lhes é imposto num mundo onde o homem é vendido como o "concorrente a abater", onde querem que mantenham a imagem de "regente do lar" e que corresponda a um modelo de beleza e sensualidade marcadamente elitista.
Comparando todas as exigências quase sentimos a tentação de dizer que, afinal, andar de burka até nem será assim tão mal!
É neste mar de contradições e sobreposições, surgem as mulheres na política.
Hillary é apenas competente. Não chega. Não pode ser sexy. A idade não lho permite. O seu desempenho como mãe e "fada do lar" é discreto (afinal não apunhalou o marido, nem ao menos uma cena dramática sobre o oval issue!)
Estes handicaps são inultrapassáveis, principalmente junto do seu próprio género.
Condoleeza é a mulher esforçada que sacrificou a sua vida por uma causa representada por um homem: Bush.
Acredito que a maior parte dos americanos nem a vejam como mulher e a visão pública do seu trabalho estará mais próxima do secretariado (uma senhora bem posta que reproduz Bush). Uma side woman sem família visível, sem sex appeal.
II
Pelo desenho apresentado começam a ser perceptíveis as razões que estão na base da escolha de Palin.
No Congresso Republicano, Giulliani apontava o perfil:
Uma jovem e enérgica mulher, sem grande currículo em Washington e que electrizasse o eleitorado;
Sem vínculos a actual Administração;
Pró-Vida (ou anti IGV);
Pró-Armas (o principal lóbi americano);
E a frase final do seu perfil define tudo:
Mulher ou minoria de contraponto a Hillary ou Obama que se opusesse à ideia que a América apenas elege homens brancos!
Como vemos, o currículo e experiência não contam nada. O que é preciso é uma novidade. A capacidade ou saber não importam (depois de Bush qualquer ser vivo unicelular pode sonhar com o cargo!).
Vistas as coisas, o factor sexy foi o valor acrescentado da candidata. O pertencer a lóbis conservadores era obrigatório.
A escolha é portanto correcta: uma jovem Barbie sem experiência ou discurso político (pelos vistos nem o de circunstância), sem uma opinião inteligível sobre qualquer dos temas de interesse social ou económico e com posições absolutamente cristalizadas em preconceito, colocando-se ao nível de um Taliban fanático!
No entanto podemos vê-la como Miss, como adolescente descuidada e, no mesmo fôlego, como mãe de não sei quantos filhos e como representante do país com mais armas de destruição maciça!
Ela é um achado!
Quanto aos receios tipicamente europeus quanto à idade de McCain e a probabilidade de Palin assumir a presidência em caso de morte deste, estejam descansados: quem manda verdadeiramente na América estará lá, a controlar, como sempre esteve.
http://oopaco.blogspot.com/2008/01/dez-pontos-de-vista-sobre-as-eleies.html
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