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Cada Palestiniano morto e mais uma derrota de Israel

Ao buscar a legitimidade política para a nova invasão à Palestina, Israel descobrirá que as vitórias militares são um resíduo inútil.
Israel nada tem a ganhar no plano militar e tem tudo a perder no plano político, de imagem global e ao nível diplomático.
Então, porque a invasão? Para sustentar três componentes decisivas da sustentação do Estado de Israel:

1- O Estado Militar – Israel, tal como a China ou a Coreia do Norte assenta a manutenção das suas forças militares no argumento de um possível ataque dos países árabes, mantendo uma máquina temível com grande importância e relevo no contexto da região. Isto tem o preço que se sabe. Manter a máquina oleada obriga à beligerância de vez em quando. E permite forjar novos inimigos na ira da vingança (sendo portanto inimigos frágeis e desorganizados, óptimos para “treinar” sem grandes riscos). Um Israel sem inimigos afundar-se-ia numa crise interna de proporções difíceis de avaliar. Tantas tropas de elite, tantos espiões e assassinos desocupados ou despedidos seriam uma dor de cabeça épica não apenas na região mas a nível mundial.

2- O Estado Secular – A religião comanda o Sionismo desde a fundação do Estado, tal como os Estados a que Israel faz frente na região. As lógicas são idênticas. Os perigos, os mesmos. Acreditar que o Israel é menos perigoso que os Estados Árabes, é uma falácia americana em que a Europa – nem os seus governos mais conservadores – caiu nestes últimos 30 anos. A colagem de Israel ao Ocidente é uma jogada virtual tão óbvia que, para a segurança do Mediterrâneo a Europa pensa na integração europeia da Turquia e nunca lhes passou pela cabeça admitir Israel no seu seio (à excepção dos festivais da Eurovisão).

3- O Estado Expansionista – Os conservadores israelitas acreditam que Israel é toda a Palestina. Solo sagrado e seu. Não vou discutir algo que nos levaria ao infindável rol de povos que dominaram e foram dominados naquela região. Por esta lógica o território Palestino ainda seria divido entre cinco ou seis nações próximas. Admitamos como justa a fundação do Estado de Israel no pós-guerra, por mais difícil que possa parecer. A região definida nunca seria suficiente para Israel e a beligerância com o povo Palestino serviu na justa medida à ortodoxia judaica para justificar os colonatos, a divisão da Palestina em sectores controlados e submetidos pelo seu invasor. Do ponto de vista israelita, a Palestina é uma espécie de referência geográfica, como Península Ibérica ou Ilhas Britânicas. Para assegurar a subsistência de mais um “povo dos eleitos”, os braços militar e secular administram a guerra até a fronteira de Israel chegar onde as Nações Unidas (ou melhor, o Conselho de Segurança, essa entidade perversa que separa a excelência de cada crime contra a humanidade de acordo com interesses próprios dos Estados Unidos e Rússia) permitirem.

Neste processo, os palestinos serão sempre o povo a abater.
Haverá pois soluções para a região?
Há e nenhuma passa por Israel mas sim pela ONU e comunidade internacional, exigindo que o Estado israelita regresse as fronteiras institucionalmente acordadas, a colocação de capacetes azuis nas reais fronteiras entre os estados beligerantes e um programa de desenvolvimento económico para a Palestina que permitisse a reabilitação humana deste povo, a consolidação politica do Estado e a perda de influencia dos radicais islâmicos. Falta saber se alguém quer soluções ou se deixam Israel passar ao radicalismo definitivo e final, banindo também os árabes israelitas ou criando, ironicamente o seu “gueto de Varsóvia”.

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