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Revisitando os principais compromissos eleitorais de Obama

Aborto: A favor dos direitos da interrupção voluntária da gravidez.

Não será um tema fácil numa América dividida sobre o tema. O apelo presente nos seus discursos sobre os Direitos Civis aponta para que não se verifiquem mudanças na abordagem. Todavia será uma questão que Obama guardará para um momento oportuno da sua legislatura, quando necessitar do apoio das alas menos conservadoras da sociedade.

Afeganistão: Reforço com sete mil soldados do contingente norte-americano (32 mil). As tropas seriam retiradas do Iraque. Obama ameaçou lançar um ataque unilateral a alvos terroristas no Paquistão, caso este país «não consiga ou não actue» contra os mesmos.

Será, com todo o sentido, a área onde Obama ganhará a segurança interna e mundial. Agrada aos sectores conservadores e militares norte-americanos e do ponto de vista da defesa contra o terrorismo sempre fez mais sentido do que a invasão do Iraque que mais não foi que uma aventura económica e especulativa à maneira de Kissinger nos anos 70.
No entanto há que acautelar a crónica questão da guerra no Afeganistão. Já por lá passaram muitos povos bem equipados e numerosos e o país ficou na mesma. É preciso ter consciência que a máquina militar defrontará uma série de pastores e agricultores que se organizam em clãs cujas lógicas de parceria são construídas por milhares de anos de rivalidades e lutas internas e externas.
A tecnologia poderá obviar as dificuldades geográficas mas não resolve o controle do país.
Uma política de alianças e apoios estáveis levará décadas a ser desenvolvida e a presença militar custa muito dinheiro ao erário público. De resto, uma permanência no terreno poderá também não ser muito desejada pela Rússia que se sente atacada em todas as frentes.
E é bom que a Administração americana tenha presente que o terrorismo irá mudar a curto prazo: serão menos mas mais capazes de interferir a um nível preocupante: na tecnologia, na área química e eventualmente nuclear. Serão cada vez mais sofisticados e implacáveis num processo que já está em marcha desde os finais dos anos 80.


Aquecimento Global: Apoia a criação de um fundo, durante dez anos, de 150 mil milhões de dólares (116 mil milhões de euros) para bio-combustíveis e energias renováveis (eólica, solar...). Redução em 80 por cento dos gases poluentes em 2050.

A oportunidade de desenvolvimento e modernização dos Estados Unidos passa por uma política inteligente no que diz respeito à questão ambiental. Detentores dos conhecimentos científicos necessários e de uma vontade política própria, este poderá ser o aspecto chave da administração de Obama.
Há um mundo de modificações que podem gerar novos empregos, empresas, sectores, modos de vida, etc. que considerados no seu todo podem alavancar a economia americana.
Todavia isto obrigará a novas lógicas e ao abalo do status quo existente. Mas este é o melhor momento para o fazer, fruto da destruição especulativa que o capitalismo mundial provocou.
A introdução de novos conceitos (Porque construir carros? O novo conceito é a mobilidade inteligente, de acordo com as necessidades da paisagem humana.
Porque centrais nucleares? Num país onde a captação solar e eólica pode ser efectuada no deserto.
É o aproveitamento de novas sinergias que poderá tirar a América do buraco onde se meteu. Mas se isso não for acompanhado de uma nova visão solidária do mundo temo que seja o reinício do erro.


Casamento homossexual: Apoia as uniões civis, cabendo aos Estados deliberar sobre as mesmas.

Penso que terá uma resposta mais acelerada do que a questão do aborto. Porque os lóbis da população gay são muito fortes, porque é já uma questão interiorizada numa boa parte da América e porque pode avançar em velocidades distintas, em função de cada Estado.
E por ser uma questão de Direitos Civis com algum paralelismo à discriminação racial, penso que terá mais visibilidade na primeira metade do mandato.


Continua...

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