Pular para o conteúdo principal

Freeport: dúvidas e certezas

A “nova menina dos olhos” da imprensa – o caso Freeport – levanta-me uma série de questões que, do ponto de vista noticioso, gostaria de ver esclarecidas.
Quem acompanha este blog percebe logo que Sócrates não tem cá apoios.O que não quer dizer que concorde com os termos em que tem sido noticiado (sobretudo na televisão e na SIC em particular) este caso.

Em primeiro lugar, as fontes. São obviamente no aparelho da Justiça. Evidentemente tem de ser protegidas apesar do crime que cometem (quebra do segredo de Justiça) mas gostaria de perceber o mecanismo de transmissão das informações.
Serão pagas? Ou sairão por via da estreita ligação das pessoas que tem acesso à investigação aos partidos?

Em segundo. O timing. Quatro anos após as primeiras notícias sobre o caso surge em nova dose e formato. Não discuto os tempos da Justiça e da investigação, mas é legitimo realçar a coincidência de tempos eleitorais. E sendo um caso que envolve figuras da governação e representação directa do país, não mandaria o bom senso acelerar os esclarecimentos antes destes serem “descobertos” pela Comunicação Social?

Em terceiro, o formato. A primeira denúncia, pelos vistos, terá sido através de carta anónima, esse mecanismo dos mal dizentes e que representam à saciedade o que de pior tem a sociedade nacional: o bufo, o informante, aquele ser cinzentinho que não assume nada mas tudo critica, de tudo diz mal e que está de bem com todos. O inútil pária que apenas quer as graças do sistema para usufruir de regalias e do ócio de não ter de assumir o seu papel.

Em quarto, o apuramento da verdade. Nada será clarificado antes das eleições.
É grave.
Irá pairar a dúvida com influência directa na real intenção de voto no PS em favor de uma eventual transferência para o PSD.

Influenciará directamente os resultados e ditará o futuro político de Sócrates, que poderá ver a sua carreira politica dinamitada, como Paulo Pedroso ou Ferro Rodrigues (volto a referir que não sei se são inocentes ou não, nem sequer é isso que está em causa) ou como Nuno Cardoso, no Porto, a propósito da solução para o Parque da Cidade e que foi uma das bandeiras eleitorais de Rio nas primeiras eleições.
Estou a descontar as insinuações de Santana Lopes sobre a sexualidade de José Sócrates, algo que nem chateia porque são feitas pela pessoa que é.
Há uma constante estatística em todos estes casos que não consigo ignorar e que me fazem sentir que há uma face oculta por desvendar neste processo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alguém nos explica isto?

Os registos de voo obtidos por Ana Gomes em 2006 revelam que, entre 2002-2006, em pelo menos 94 ocasiões, aviões cruzaram o espaço aéreo português a caminho de ou provenientes da Baía Guantanamo . Em pelo menos 6 ocasiões aviões voaram directamente das Lajes nos Açores para Guantanamo. Ver o relatório da ONG britânica. Não creio que isto nos deixe mais seguros e tenho a certeza de que me deixa a consciência pesada, foi o estado em que me integro que permitiu isto. PS (por sugestão do Vinhas). As notícias sobre um dos aviões que transportaram presos para Guantánamo e que agora se despenhou no México carregado de cocaína podem ser vistas aqui e aqui ou ainda aqui.

2013: O que fazer com um ano inútil

Resumindo tudo e contra a corrente de louvor papal, o ano de 2013 teve como figura principal o conflito e poderia ser retratado por um jovem mascarado a atirar pedras contra a polícia. Nunca como em nenhum outro ano a contenção policial foi necessária perante a ordem de injustiças, desigualdades, nepotismos, etc., etc. etc. Os Estados deixaram de representar os povos, as nações estão a ser desmontadas e os grandes interesses financeiros instalam-se com uma linguagem musculada sobre o mundo, definido as barreiras dos que tem e dos que estão excluídos deste novo mundo que se desenha, ficando ainda umas réstias por eliminar mas que se mantem enquanto necessárias. Neste mundo conturbado onde grandes interesses se disfarçam, de Estado (Rússia, China ou Coreia, por exemplo) e onde o Estado foi substituído por interesses específicos de natureza transnacional (Portugal, Grécia ou Itália) ou aqueles em que o Estado é uma fachada de recurso (EUA) para interesses particulares. A dívida, a crise,...