Pular para o conteúdo principal

Obama e o Nobel

A polémica à volta do Premio Nobel de Obama tem sido examinada à luz do mérito de atribui-lo a quem não tem obra feita, de prestigiar quem ainda nada atingiu. São argumentos razoáveis mas falsamente utilizados por pessoas das áreas mais conservadoras da sociedade global e reproduzidos com alguma acidez pelos sectores mais radicais.

Se de facto Obama não currículo para esta prematura atribuição, não é menos verdade que o seu discurso, apelo e propósitos representam mais do que foi feito pelo governo norte-americano durante os últimos 40 anos. E o impacto produzido pela sua eleição, postura e investimento centrado na preocupação humana, no igualitarismo e na justiça calaram fundo não apenas na América.

Obama é o líder que todo o europeu gostaria de ter e que trocaria de bom grado pelos Sarkosys e Berlusconis, para falar apenas nos mais óbvios.

O que Obama fez e tornou visível é a possibilidade de “purificação” política à luz do interesse humano, um impacto semelhante a um Leonardo da Vinci, abrindo uma nova janela por onde o mundo pode descobrir mais caminhos.

Obama trouxe uma esperança que estava arredada do mundo, levantou o rosto da América que estava corada de vergonha e mostrou-a novamente como uma referência de liberdade, da terra onde tudo é possível.

Esta é a razão do entusiasmo mundial com a sua eleição e exercício do poder.

A sua dimensão de “average man” acentuou a importância do cidadão médio preocupar-se com a Democracia e os Direitos. Na prática, as manifestações contra o plano de saúde, produzidos e publicitados por um canal de TV (FOX) também são um mérito de Obama e uma prova de que a cidadania, mesmo sujeita ao agit prop voltou a fazer sentido.

A Obamania mundial é a ressurreição das crenças de que alguma coisa é possível fazer para um mundo melhor.

A direita mundial sabe o quanto é perigoso pôr as pessoas a acreditar na Democracia e nos Direitos. Daí o discurso viperino da falta de mérito.

Lamento.

Obama já fez muito pelo mundo ao devolver esperanças numa década em apenas nos deu razões para lamentar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alguém nos explica isto?

Os registos de voo obtidos por Ana Gomes em 2006 revelam que, entre 2002-2006, em pelo menos 94 ocasiões, aviões cruzaram o espaço aéreo português a caminho de ou provenientes da Baía Guantanamo . Em pelo menos 6 ocasiões aviões voaram directamente das Lajes nos Açores para Guantanamo. Ver o relatório da ONG britânica. Não creio que isto nos deixe mais seguros e tenho a certeza de que me deixa a consciência pesada, foi o estado em que me integro que permitiu isto. PS (por sugestão do Vinhas). As notícias sobre um dos aviões que transportaram presos para Guantánamo e que agora se despenhou no México carregado de cocaína podem ser vistas aqui e aqui ou ainda aqui.

2013: O que fazer com um ano inútil

Resumindo tudo e contra a corrente de louvor papal, o ano de 2013 teve como figura principal o conflito e poderia ser retratado por um jovem mascarado a atirar pedras contra a polícia. Nunca como em nenhum outro ano a contenção policial foi necessária perante a ordem de injustiças, desigualdades, nepotismos, etc., etc. etc. Os Estados deixaram de representar os povos, as nações estão a ser desmontadas e os grandes interesses financeiros instalam-se com uma linguagem musculada sobre o mundo, definido as barreiras dos que tem e dos que estão excluídos deste novo mundo que se desenha, ficando ainda umas réstias por eliminar mas que se mantem enquanto necessárias. Neste mundo conturbado onde grandes interesses se disfarçam, de Estado (Rússia, China ou Coreia, por exemplo) e onde o Estado foi substituído por interesses específicos de natureza transnacional (Portugal, Grécia ou Itália) ou aqueles em que o Estado é uma fachada de recurso (EUA) para interesses particulares. A dívida, a crise,...