Pular para o conteúdo principal

Uma estratégia única para Iraque, Paquistão e Afeganistão

2.O prolongamento da guerra do Iraque ao Afeganistão tem a ver com a oportunidade logística da fixação mas visa um objectivo diferente da primeira: trata-se de criar uma plataforma fronteiriça estável à volta do Irão, gerando condições para uma menor circulação de armas, combatentes e droga, assegurando igualmente a estabilidade da exploração petrolífera e reduzindo a influência dos Taliban na região.

Novamente, a estratégia militar elimina 1000 talibans e cria outros 10000. Porque? Porque os Ocidentais não compreendem que um povo que já foi invadido tantas vezes e outras tantas mandaram os inimigos embora tem algo de especial.Combater no Afeganistão representa combater famílias; o inimigo e o pacato civil estão na mesma casa, na mesma rua a guerra é um prolongamento do quotidiano.

O sofrimento de milhares de anos dotou-o de uma característica singular que os leva a preferir que o inimigo esteja no seu terreno para melhor os derrotar com as suas armas: logística problemática, orografia impossível, clima inclemente e uma tenacidade inabalável. Se a isto juntarmos o extremismo religioso, constatamos que é uma perda de tempo ocupar o Afeganistão através de uma guerra convencional e que a tecnologia pode eliminar apenas alguns blocos de resistência que depois proliferam e expandem-se, ignorando o poderio, o número de baixas, etc. não se pode vencer um povo que nada tem, que pode alienar rapidamente o pouco que dispõe e que combate de manhã, apascenta cabras à tarde e dá instrução de combate à noite. Tudo entre orações.

A agravar a isto, novamente a implantação de um modelo Democrático apresenta a mesma incoerência do que no Iraque e pelas mesmas razões, agravadas talvez pela distância entre a ruralidade e a falsa dimensão cosmopolita.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alguém nos explica isto?

Os registos de voo obtidos por Ana Gomes em 2006 revelam que, entre 2002-2006, em pelo menos 94 ocasiões, aviões cruzaram o espaço aéreo português a caminho de ou provenientes da Baía Guantanamo . Em pelo menos 6 ocasiões aviões voaram directamente das Lajes nos Açores para Guantanamo. Ver o relatório da ONG britânica. Não creio que isto nos deixe mais seguros e tenho a certeza de que me deixa a consciência pesada, foi o estado em que me integro que permitiu isto. PS (por sugestão do Vinhas). As notícias sobre um dos aviões que transportaram presos para Guantánamo e que agora se despenhou no México carregado de cocaína podem ser vistas aqui e aqui ou ainda aqui.

2013: O que fazer com um ano inútil

Resumindo tudo e contra a corrente de louvor papal, o ano de 2013 teve como figura principal o conflito e poderia ser retratado por um jovem mascarado a atirar pedras contra a polícia. Nunca como em nenhum outro ano a contenção policial foi necessária perante a ordem de injustiças, desigualdades, nepotismos, etc., etc. etc. Os Estados deixaram de representar os povos, as nações estão a ser desmontadas e os grandes interesses financeiros instalam-se com uma linguagem musculada sobre o mundo, definido as barreiras dos que tem e dos que estão excluídos deste novo mundo que se desenha, ficando ainda umas réstias por eliminar mas que se mantem enquanto necessárias. Neste mundo conturbado onde grandes interesses se disfarçam, de Estado (Rússia, China ou Coreia, por exemplo) e onde o Estado foi substituído por interesses específicos de natureza transnacional (Portugal, Grécia ou Itália) ou aqueles em que o Estado é uma fachada de recurso (EUA) para interesses particulares. A dívida, a crise,...