Pular para o conteúdo principal

Alice no país da crise

2. The Pool of Tears
Alice cresce de forma desmedida. Por ter fome, como o bolo até ter 9 metros de altura. O tamanho não lhe permite entrar no jardim. Não está “adaptada”. E chora na proporção do seu tamanho. Chora muito. E forma um lago de lágrimas.
Na proporção de Alice, são umas gotas, mas a outra realidade, a realidade por onde passa o Coelho Branco ou essa mesma realidade de Alice antes de se tentar adaptar? Afinal, porque chora Alice? Pela adaptação mal feita? Por ter abandonado a sua realidade na tentativa de se adaptar e chegar a outro estado que também não é alternativa? Mas o que esperaria Alice? A forma perfeita?
Por sorte o Coelho Branco, antes de fugir (novamente) larga um recurso: o leque. Este pequeno objeto nas mãos da desproporcionada Alice serve para que ela se refresque do calor ou do seu sofrimento.
Como por magia, a brisa do leque foi encolhendo Alice. Mais uma ação aparentemente ocasional provoca a mudança. A mudança foi tão súbita que Alice quase desaparecia te tanto alívio! Parou a tempo de ainda existir mas não evitou um mergulho nas suas próprias lágrimas. Tantas transformações em tão pouco tempo dão que pensar…
E tudo isto para poder seguir em frente, atrás de um Coelho Branco.
Mergulhada na sua angústia, valeu-lhe um Rato que se dispôs a ajuda-la a atravessar para a outra margem. A catástrofe adaptativa de Alice provocou danos como verifica ao chegar ao outro lado (ao outro-outro lado!). Vários animais tentam secar o corpo molhado no lago provocado pela Alice, na sua frustração de não encontrar a proporção certa para se adequar.
São vários os animais que debatem, reúnem, confabulam e questionam a melhor solução para se libertarem da perigosa situação que lhes pode custar a saúde! Há que encontrar uma saída para esta fatalidade, uma saída que não seja mudança, apenas uma breve secagem de pelo.
Nada de crescer ou encolher, virar a Norte ou a Sul! Apenas disfarçar.
E que melhor disfarce poderemos encontrar para uma crise do que disfarçá-la de outra crise?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

2013: O que fazer com um ano inútil

Resumindo tudo e contra a corrente de louvor papal, o ano de 2013 teve como figura principal o conflito e poderia ser retratado por um jovem mascarado a atirar pedras contra a polícia. Nunca como em nenhum outro ano a contenção policial foi necessária perante a ordem de injustiças, desigualdades, nepotismos, etc., etc. etc. Os Estados deixaram de representar os povos, as nações estão a ser desmontadas e os grandes interesses financeiros instalam-se com uma linguagem musculada sobre o mundo, definido as barreiras dos que tem e dos que estão excluídos deste novo mundo que se desenha, ficando ainda umas réstias por eliminar mas que se mantem enquanto necessárias. Neste mundo conturbado onde grandes interesses se disfarçam, de Estado (Rússia, China ou Coreia, por exemplo) e onde o Estado foi substituído por interesses específicos de natureza transnacional (Portugal, Grécia ou Itália) ou aqueles em que o Estado é uma fachada de recurso (EUA) para interesses particulares. A dívida, a crise,...

Srebrenica

Sbrenica faz 18 anos. É a prova de que a Europa nunca será unida e que, ciclicamente, fará as suas purgas, por dinheiro, crença ou prepotencia. Ou todas juntas.