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Alice no país da crise

3. A Caucus-Race and a Long Tale

O que fazer quando todo o nosso esforço de adaptação e normalização não resulta, quando todos os sacrifícios e sofrimentos das transformações não são suficientes?

Faz-se eleições, pois claro!

Confrontados com a necessidade de se organizarem para secarem o corpo, o mais estúpido animal (por sinal extinto 200 anos antes de Lewis Carroll dar corpo a este livro), dotado de dois pés esquerdos e incapacidade de voar decide que todos devem fazer uma corrida eleitoral.

Decide que todos devem!

O realismo da decisão está na exacta proporção do inconsciente colectivo.

Não há regras excepto andar aos círculos! Tem Lógica, mas nenhum bom senso.

Finda a corrida, constata-se a vitória de todos os envolvidos (onde foi que já ouvi isto?). É uma posição de bom senso (relativizar a derrota) mas de nenhuma Lógica.

Admitindo a vitória de todos não há dialéctica possível, enfim, estamos todos no mesmo barco e o caminho é sempre o mesmo.

Então para que as eleições? Há, pois, para secar as penas…

Há recompensas para todos os vitoriosos que nada venceram porque são todos. São prémios de participação vitoriosa.

E os prémios saem directamente dos bolsos de Alice, os bolos. Afinal, alguém perdeu! Foi Alice que, de mudança em mudança, de esforço em esforço, foi delapidada dos seus doces.

Afinal, não haveria lógica ou substância se alguém não perdesse e quem perde é quem mais se tenta adaptar.

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