Pular para o conteúdo principal

Os fantasmas existem!

Baltazar Garzón está no banco dos réus.

O objectivo de julgamento da memória espanhola do franquismo esbarrou no óbvio: não se pode julgar quem nunca saiu efectivamente do poder.

Nem revolução, nem estabelecimento de regimes democráticos, nem aquisição de liberdades. Não podemos pensar que podemos eliminá-los

Como ferrugem ou caruncho, colam-se à existência e assim vão, corroendo com mais ou menos virulência, dependendo das condições do momento.

Uma vez agarrados a estrutura nunca desaparecem. Podemos controlar, mas nunca extingui-lo.

E quando se pede justiça, reaparece, a defender os supostos “valores universais” de que tanto gostam e tão pouco respeitam.

O depoimento de Hilda Farfante diz muito do que sentem as vítimas: culpabilizam-se. Pouco importa que tivesse 5 anos na altura, que nada pudesse fazer.

Pouco importa saber qual a ideia de Baltazar Garzón: um povo tem de acertar o passo com a sua história, sob pena de deixar para trás assuntos por resolver e que moem infinitamente.

Os problemas mal resolvidos no Leste europeu descambaram na cisão jugoslava e em toda aquela orgia, contida por meio século de comunismo mal resolvido. Acabam sempre assim, mais cedo ou mais tarde.

E o Franquismo é o fascismo abjecto da Ibéria que marcou fundo a Espanha. E marca ainda.

Mais do que a condenação de velhos e mortos indistintos, importa que os genocídios, ocorram onde ocorrerem, tenham responsáveis, mandantes e executantes; que tenha rosto e forma o ódio pela diferença; que se conheçam os métodos e intenções.

A bem do futuro, essa parte do tempo em que procuramos de uma forma vã não repetir os erros e omissões.

http://http://www.elpais.com/articulo/espana/siento/culpable/le/pasa/Garzon/elpepiesp/20100415elpepinac_7/Tes

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alguém nos explica isto?

Os registos de voo obtidos por Ana Gomes em 2006 revelam que, entre 2002-2006, em pelo menos 94 ocasiões, aviões cruzaram o espaço aéreo português a caminho de ou provenientes da Baía Guantanamo . Em pelo menos 6 ocasiões aviões voaram directamente das Lajes nos Açores para Guantanamo. Ver o relatório da ONG britânica. Não creio que isto nos deixe mais seguros e tenho a certeza de que me deixa a consciência pesada, foi o estado em que me integro que permitiu isto. PS (por sugestão do Vinhas). As notícias sobre um dos aviões que transportaram presos para Guantánamo e que agora se despenhou no México carregado de cocaína podem ser vistas aqui e aqui ou ainda aqui.

2013: O que fazer com um ano inútil

Resumindo tudo e contra a corrente de louvor papal, o ano de 2013 teve como figura principal o conflito e poderia ser retratado por um jovem mascarado a atirar pedras contra a polícia. Nunca como em nenhum outro ano a contenção policial foi necessária perante a ordem de injustiças, desigualdades, nepotismos, etc., etc. etc. Os Estados deixaram de representar os povos, as nações estão a ser desmontadas e os grandes interesses financeiros instalam-se com uma linguagem musculada sobre o mundo, definido as barreiras dos que tem e dos que estão excluídos deste novo mundo que se desenha, ficando ainda umas réstias por eliminar mas que se mantem enquanto necessárias. Neste mundo conturbado onde grandes interesses se disfarçam, de Estado (Rússia, China ou Coreia, por exemplo) e onde o Estado foi substituído por interesses específicos de natureza transnacional (Portugal, Grécia ou Itália) ou aqueles em que o Estado é uma fachada de recurso (EUA) para interesses particulares. A dívida, a crise,...