Baltazar Garzón está no banco dos réus.
O objectivo de julgamento da memória espanhola do franquismo esbarrou no óbvio: não se pode julgar quem nunca saiu efectivamente do poder.
Nem revolução, nem estabelecimento de regimes democráticos, nem aquisição de liberdades. Não podemos pensar que podemos eliminá-los
Como ferrugem ou caruncho, colam-se à existência e assim vão, corroendo com mais ou menos virulência, dependendo das condições do momento.
Uma vez agarrados a estrutura nunca desaparecem. Podemos controlar, mas nunca extingui-lo.
E quando se pede justiça, reaparece, a defender os supostos “valores universais” de que tanto gostam e tão pouco respeitam.
Pouco importa saber qual a ideia de Baltazar Garzón: um povo tem de acertar o passo com a sua história, sob pena de deixar para trás assuntos por resolver e que moem infinitamente.
Os problemas mal resolvidos no Leste europeu descambaram na cisão jugoslava e em toda aquela orgia, contida por meio século de comunismo mal resolvido. Acabam sempre assim, mais cedo ou mais tarde.
Mais do que a condenação de velhos e mortos indistintos, importa que os genocídios, ocorram onde ocorrerem, tenham responsáveis, mandantes e executantes; que tenha rosto e forma o ódio pela diferença; que se conheçam os métodos e intenções.
A bem do futuro, essa parte do tempo em que procuramos de uma forma vã não repetir os erros e omissões.
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