Alguém tinha de abrir oficialmente a silly season e nada melhor do que um tema com impacto nacional.
A educação anda de rastos porque nenhum dos seus protagonistas quer assumir responsabilidades: o Governo, os professores, os pais e os alunos.
O Estado quer resultados europeus sem investir e reduzir o impacto sindical dos professores na Função Pública, através do lançamento de políticas de gestão absurdas e incoerentes; os professores querem manter os direitos adquiridos e recusam a perspectiva de que o funcionamento das carreiras e horários é um privilégio quase obsceno face a sociedade em geral e que o tipo de empenhamento, caso queiram manter um sistema público de ensino terá de ser bem outro; os pais oficiais (os da Confederação) vão dizendo que sim ao Governo, numa desresponsabilização assustadora, sem perceber que os seus interesses não são o facilitismo e o laxismo que se tenta implementar na escola e por fim os alunos, eternas vítimas de joguetes que não mostram, não querem, não sabem desenvolver qualquer sentido de politização, embarcando na ideia de que as escolas são uma série de coisas repressivas, exigentes, escrutinadoras a que não devem nenhum respeito, participação ou interesse.
O que poderia ser uma boa ideia (o aluno não reprovar, mas ser-lhe exigido mais tempo de frequência, mais avaliações, trabalhos, etc.) esbarra no mistério.
Onde, quando, com que recursos e meios? Lembro que as escolas encerram em Junho, mais ou menos pelos santos populares. Os alunos que quisessem evitar os chumbos teriam um período adicional até finais de Julho? Podem invadir o sacrossanto mês de Agosto, altura em que o país fecha e mesmo que alguém queira trabalhar não tem como porque está tudo fechado?
Claro que há muita indefinição no projecto mas a primeira reacção é a rejeição.
E por 3 razões fundamentais:
O fracasso e o insucesso não são eternos. Chumbar pode ser um bom tónico na aprendizagem e na formação da personalidade. Poderá não resultar com todos mas se um aluno tiver lycopersicuns no sítio acabará por perceber que as lições em vida formam mais do que bibliotecas de discursos. Retirar a possibilidade de alguns alunos aprenderem com os seus próprios ossos que não chegam a lado nenhum se não se empenharem parece-me que só serve para formar gente fraca e queixinhas;
Criar um sistema que nos permitiria virtualmente acabar com o insucesso escolar, passando-nos estatisticamente para o meio da tabela da Europa em termos de resultados brada aos céus. Quem imagina que os números das estatísticas da OCDE e Europa correspondem a realidade europeia per se devem iludir-se com pouco!
Os números ali semeados não apagam a falta de preparação cultural, técnica e cientifica (para não falar da humana) que a realidade do ensino apresenta desde os anos 80, altura em que começamos a variar de sistemas, aumentando os anos de frequência, expandindo o número de disciplinas e cargas horárias e um rol tão grande de incongruências que cada governo à chegada ia colocando (e que faz parecer o actual sistema aqueles bairros de Xangai, em que por cima da casa constrói-se outra e mais outra e por aí a fora, até que a última para se segurar encosta a do prédio em frente que cresceu em proporção, fazendo com que as ruas nunca tenham luz directa porque estão fechadas no topo).
Chegamos ao ponto que mais vale rever todo o sistema porque esta manta de retalhos já não tem reparação possível;
Cada vez que se mexe no ensino actual, fica o amargo na boca de quem vê a estratificação das oportunidades cada vez mais evidente.
É quase uma alegoria o ensino sem chumbo ser o público, contra uma educação Super, erigida por colégios privados em que o preço serve para duas situações: facilitar o progresso do aluno ou desenvolver uma cultura de exigência, de qualquer modo mais valorizado.
Será que tem de ser sempre assim? Motores diferentes, rendimentos desiguais?
A educação anda de rastos porque nenhum dos seus protagonistas quer assumir responsabilidades: o Governo, os professores, os pais e os alunos.
O Estado quer resultados europeus sem investir e reduzir o impacto sindical dos professores na Função Pública, através do lançamento de políticas de gestão absurdas e incoerentes; os professores querem manter os direitos adquiridos e recusam a perspectiva de que o funcionamento das carreiras e horários é um privilégio quase obsceno face a sociedade em geral e que o tipo de empenhamento, caso queiram manter um sistema público de ensino terá de ser bem outro; os pais oficiais (os da Confederação) vão dizendo que sim ao Governo, numa desresponsabilização assustadora, sem perceber que os seus interesses não são o facilitismo e o laxismo que se tenta implementar na escola e por fim os alunos, eternas vítimas de joguetes que não mostram, não querem, não sabem desenvolver qualquer sentido de politização, embarcando na ideia de que as escolas são uma série de coisas repressivas, exigentes, escrutinadoras a que não devem nenhum respeito, participação ou interesse.
O que poderia ser uma boa ideia (o aluno não reprovar, mas ser-lhe exigido mais tempo de frequência, mais avaliações, trabalhos, etc.) esbarra no mistério.
Onde, quando, com que recursos e meios? Lembro que as escolas encerram em Junho, mais ou menos pelos santos populares. Os alunos que quisessem evitar os chumbos teriam um período adicional até finais de Julho? Podem invadir o sacrossanto mês de Agosto, altura em que o país fecha e mesmo que alguém queira trabalhar não tem como porque está tudo fechado?
Claro que há muita indefinição no projecto mas a primeira reacção é a rejeição.
E por 3 razões fundamentais:
O fracasso e o insucesso não são eternos. Chumbar pode ser um bom tónico na aprendizagem e na formação da personalidade. Poderá não resultar com todos mas se um aluno tiver lycopersicuns no sítio acabará por perceber que as lições em vida formam mais do que bibliotecas de discursos. Retirar a possibilidade de alguns alunos aprenderem com os seus próprios ossos que não chegam a lado nenhum se não se empenharem parece-me que só serve para formar gente fraca e queixinhas;
Criar um sistema que nos permitiria virtualmente acabar com o insucesso escolar, passando-nos estatisticamente para o meio da tabela da Europa em termos de resultados brada aos céus. Quem imagina que os números das estatísticas da OCDE e Europa correspondem a realidade europeia per se devem iludir-se com pouco!
Os números ali semeados não apagam a falta de preparação cultural, técnica e cientifica (para não falar da humana) que a realidade do ensino apresenta desde os anos 80, altura em que começamos a variar de sistemas, aumentando os anos de frequência, expandindo o número de disciplinas e cargas horárias e um rol tão grande de incongruências que cada governo à chegada ia colocando (e que faz parecer o actual sistema aqueles bairros de Xangai, em que por cima da casa constrói-se outra e mais outra e por aí a fora, até que a última para se segurar encosta a do prédio em frente que cresceu em proporção, fazendo com que as ruas nunca tenham luz directa porque estão fechadas no topo).
Chegamos ao ponto que mais vale rever todo o sistema porque esta manta de retalhos já não tem reparação possível;
Cada vez que se mexe no ensino actual, fica o amargo na boca de quem vê a estratificação das oportunidades cada vez mais evidente.
É quase uma alegoria o ensino sem chumbo ser o público, contra uma educação Super, erigida por colégios privados em que o preço serve para duas situações: facilitar o progresso do aluno ou desenvolver uma cultura de exigência, de qualquer modo mais valorizado.
Será que tem de ser sempre assim? Motores diferentes, rendimentos desiguais?
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