Correu mundo a afirmação das palavras trocadas em off entre Sarkosy e Obama sobre Netanyahu. Correu um pouco menos sobre a resposta de Obama, mas todos sabemos que a intenção de voto americana sobre o Estado Palestiniano a criar, por isso não vamos aborrecer o amigo Obama.
(Para os que não conhecem o diálogo, fica o citado pela REUTERS:
… (a) reporter who heard the conversation confirmed that the French President, referring to Benjamin Netanyahu, said: "I cannot stand him. He is a liar."
Mr Obama is said to have responded: "You're fed up with him but I have to deal with him every day!")
Não vem mal ao mundo dizerem mal do líder israelita. Cada vez mais, um político representa menos o seu povo, como tal a crítica fica-se pela personalização direta. Não há-de ser o único referido por estes ou outros em conversas menos mediatizadas e cuja imagem deve oscilar perigosamente para termos mais insultuosos (se as fotos do telemóvel da Scarlett Johansson fizeram sucesso, imagino as do Berlusconi!) em muitos casos.
A questão é mesmo o processo de “paz” e reconhecimento do Estado Palestiniano. Ninguém acredita na benevolência de Israel em relação ao processo de paz, a quase totalidade do mundo não lhe reconhece razão de causa, uma larga fatia da humanidade acha mesmo que Israel invadiu e ocupou uma região que não é sua. Nenhuma Lei Internacional, nenhum princípio elementar, nenhuma presunção histórica internacionalmente valida e reconhecida lhes confere razão.
Mesmo os seus aliados fazem o impossível exercício de creditar-lhes apoio, mesmo à revelia do sentimento geral dos povos. Entalados entre o anti – semitismo primário, o radicalismo islâmico e o traumático passado exacerbado pelos seus próprios radicalismos, Israel tem de ponderar se o caminho da confrontação não representará um descaminho maior do que o risco de ter “vizinhos”.
A Europa é uma precária instalação, neste momento completamente dedicada a si própria e ao modo como manter a aparência de referencial da humanidade; a América é uma incógnita, caminhando desabrida para algo muito estranho e sinistro e o resto do mundo vê Israel como o watchdog americano na zona.
Aquilo que seria uma conversa de café revela o precário terreno que Israel pisa neste momento.
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