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Economia - Sem crescimento, o programa da "troika" é inútil, diz António Borges - RTP Noticias

Economia - Sem crescimento, o programa da "troika" é inútil, diz António Borges - RTP Noticias

Os comentários no fim de semana!

Ponto prévio: António Borges não tem nada a ver com o que eu penso em termos de sociedade e economia. Digo sociedade à frente porque a economia é apenas (por mais que vos tentem convencer do contrário) uma parte da vida dos homens e nem sequer a mais importante.

Em segundo lugar, o modelo capitalista e argumentação pragmática à volta do mesmo (“não concordas, então o que propões? O socialismo, esse regime em que não há mérito, necessidade de esforço porque somos todos iguais, onde o progresso, a competição e a acumulação são pecados que não respeitam a individualidade e o darwinismo óbvio em que fomos criados”) estão longe de ter algum interesse. Todos sabemos que o bom senso e o equilíbrio obtido pela retirada das mãos de especuladores e grandes fortunas em geral, recentrando a economia na democracia (essa sim o topo da pirâmide humana) seria suficiente para a coexistência equilibrada das sociedades.

No entanto, António Borges foca nesta entrevista 3 aspectos importantes:

Austeridade sem crescimento é o enterro do país;

Sobre o primeiro aspecto, a discordância vai para a obsessão pela TSU que esta malta do dinheiro tem. Do ponto de vista empresarial a “unidade produtiva” (você, eu, qualquer criatura) tem de ter o mais baixo custo possível e o maior volume de produtividade que conseguirmos explorar. O sonho do patronato nacional é o trabalhador “tax free” a quem se possa pagar 425€ no máximo (valor que uma cabeça que não passa sem o seu ordenado de 10.000€ concluiu que será o limite de sobrevivência para um agregado de 4 pessoas, em que 2 são produtivas). Os apoios sociais seriam do Estado (actividade exclusiva para os que não tem “mesmo” nada) e as acções caritativas e de promoção de imagem empresarial com música de fundo na televisão de um amigo qualquer.

Esta necessidade de extinção da TSU tem um nome: o fim da participação solidária das empresas para o tecido social português. À pala da incapacidade de formação (porque a mão de obra nacional é indigente, inserida num círculo da pobreza que a faz ser menos produtiva, incapaz de esperar que o trabalho possa representar um progresso efectivo das suas vidas), da improdutividade que acrescenta horas de trabalho que não fazem progredir o coeficiente de realização, apenas os afastam mais dos seus, resultando este abandono o enfraquecimento da participação familiar e social, projectando os seus para a ignorância, a delinquência e reduzindo cada vez mais a potencial mão-de-obra efectiva.

Quando António Borges sonha com o fim da TSU está a ver apenas a economia, não a sociedade ou o país. Apenas o seu “grupo” . Para crescer é preciso um pacto social e político em que as pessoas possam ter expectativas e que seja arbitrado por alguém com crédito de isenção (não poderia ser obviamente o Governo ou o Presidente). Sacrifícios podem ser pedidos se, ao fundo do túnel, existirem certezas de uma vida melhor. Não é por um político ou Doutor fazerem profissões de fé ou pausados discursos académicos que alguém vai “burramente” abanar a cabeça.

António Borges faz o discurso “seguidista” sobre a eficiência do sector público. Concordo em absoluto: quase 40 anos depois do 25 de Abril ninguém quis reformar o Estado Novo e a estrutura absolutamente desvinculada da realidade a que todos os governos foram acrescentando mais e mais regalias, embustes, carreiras, tirando e pondo competências. Resultado: uma Administração Central versão Godzilla cheia de gente pronta a despachar as responsabilidades pelos diversos serviços e a não responder as solicitações destes.

O problema é que a “reforma” irá despedir quem trabalha e empurrar para fora os competentes. Encolhendo competências, o Estado será um vazio de tudo o que os privados não querem. O que os privados poderão querer mas não podem por força legal de “manter as aparências de um Estado de Direito”, acabarão por ficar em regime de outsorcing. Tudo será privado e estrangeiro, mesmo que nosso. E dir-nos-ão que nunca foi nosso. E nós acreditaremos.



2. Os bancos tem de desenvolver uma politica de empréstimos, porque não havendo circulação irão ao fundo por via do “remédio” que estão a obrigar-se a tomar;

Os bancos foram refinanciados para poderem activar a economia por via de empréstimos para a retoma da actividade produtiva., Todavia, Os bancos tem imposto condições absurdas e incomportáveis para o empréstimo. Simultaneamente procura capitalizar-se por via das poupanças a juros que já começam a parecer incoerentes, o que me leva a pensar que os bancos fazem o jogo da crise e que se interessam mais pela nazificação da Europa do quer o que os supostos empreendedores progressistas pensam.

Por isso creio que o caminho de Portugal não tem retorno (seremos uma Grécia disciplinada, sem revolta mas aterrada e enterrada. É curioso que são as nações com mais história na Europa as principais visadas. Como se estivéssemos a trabalhar para a amnésia…), os bancos, fatalmente irão falir. Pelo menos 2 ou 3 nacionais ruirão (e não terão uma “mão amiga” a ajuda-los…). Isto porque não querem entrar no que a sociedade necessita: a participação numa estratégia comum.

De qualquer modo, devo ser eu que estou a ver mal porque o protagonista da “clausura financeira” é o Banco de Portugal, entidade com provas dadas na economia portuguesa…



3. A integração no Euro trucidou a economia portuguesa.

Não resisto a deixar-vos este link de um post de 2007… Esclarecedor

http://espectivas.wordpress.com/2007/11/20/o-que-se-passa-em-portugal/

Cientes de que a entrada para o Euro provocaria uma série de rebates na economia e que o resultado da perda de controle da moeda representaria a nossa falência concorrencial, pergunto:

Porque se optou por continuar na política de integração monetária?

Que pretenso orgulho pode existir em pertencer a Europa, continente que já deu 2 guerras ao mundo (e que não ficará por aqui!), o colonialismo, a escravatura, o genocídio de varias espécies e formatos?

Se quiseram embarcar nesta obsessão novo-riquista não podiam ao menos ter acautelado o óbvio?





Quanto ao resto, concordo com a afirmação "Portugal esteve a dois passos da rutura financeira" (sic). Agora estamos a um Passos.

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