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Relvas, o Fantasma

Há muitas razões para associar o Ministro Relvas a este herói tão especial. A primeira que me vem à cabeça é o fato de ser um dos primeiros super-heróis a usar uma farda. Trata-se de um traço de militância extrema porque, por norma, os super-heróis vestem fatos extravagantes e de dúbia sexualidade.
A segunda é a cor da farda: beringela ou se quisermos ser mais prosaicos, roxo. E porque essa cor é tão relevante? Em primeiro lugar não há exército militante que se lembre de ter uma farda roxa! Matava o inimigo, mas de riso! Depois, porque é uma cor adequada à figura: há algo de místico e messiânico em Relvas para além da má teatralização vocal, algo que evoca a religião e as forças secretas e profundas do submundo.

Tal como muitos heróis dos quadradinhos, Relvas habita um mundo imaginário, uma selva de seu nome Lisbogal, vivendo como seria de esperar numa caverna, algures entre a Lapa e S.Bento.
Dedica-se a combater o Mal, essa entidade mutante e desfigurada, que de tão indeterminada é, na sua essência, é do mais Opaco que existe. Apenas um super-herói ou uma pessoa com poderes especiais consegue identifica-la em meio a tantas variáveis e indeterminações. Tal como em muitos casos, o Mal são os diferentes. No caso do Fantasma são os piratas, no caso de Relvas, todos os que não possuam a “marca tricolor das setas ascendentes”.

Se repararmos bem, o Fantasma e Relvas não tem superpoderes. Tem apenas uma mística que se desenvolve ao longo dos tempos. Quer isso dizer que não são grande coisa mas que com a devida máquina publicitária a coisa vai! O resto é medo e trabalho de bastidores. No fundo, Relvas não é diferente de tantos outros onde a ambição é superior ao jeito ou competência por isso, tal como o Fantasma, Relvas vive rodeado de pigmeus que preparam flechas envenenadas e que estão ao lado dele porque julgam-no um espírito, um ser que vive para além dos tempos.

De fato, é verdade! Relvas é o tipo de pessoa que se reproduz no tempo e reaparece ciclicamente, numa evocação sinistra dos paladinos que tentam erradicar o Mal e salvar-nos dos nossos próprios medos, vícios ou maus pensamentos que são todos aqueles que divergem do Relvismo.

E assim, Relvas deixa a sua marca dos anéis. Distingue claramente com a marca do Bem os seus e crava a marca da caveira no rosto de todos os maus, os que devem ser extintos e expurgados de opinião, existência e que não fazem parte do Portugal higienizado que um certo PSD populista, cristão xiita e perigosamente próximo das ideologias de extrema-direita tenta implementar, numa grosseira tentativa de imitar a direita americana no que ela tem de mais doentio e execrável.

Esperemos que em breve o Fantasma adormeça por mais 50 anos e possamos viver sossegados que de heróis destes estamos conversados.

Comentários

Helena Henriques disse…
E de setas social-democratas só o nome, a social-democracia há muito debandou dessas paragens, é só o nome que a evoca e com desonra da social-democracia. São os herdeiros do "escol" corporativista que nos assombram como arautos do bem na luta contra o mal. São os dias a que já ouvi chamar, e acho que bem, de PREC ao contrário.

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