As minhas primeiras 72 horas de 2008 têm sido passadas com frio e dignidade. Subo e desço escadas 6/7 vezes ao dia para fumar até à porta da rua.
Até ver, a Lei que pretende diminuir o ónus do SNS com os tratamentos aos "problemas causados pelo tabaco" tem resultado no aspecto de nos por na rua a aspirar os escapes dos autocarros que insistem em passar nas inspecções de uma forma que ninguém sabe como.
Socialmente, acho que a Lei reabilitou um certo espírito de comunidade. Para os meus lados, quando nos juntamos todos, temos vindo a discutir mais coisas sobre o país, o trabalho e os direitos dos trabalhadores. São autênticas mini comissões. Esta ressurreição do direito de reunião tem sido interessantíssima.
Também após o almoço (agora ligeiro e despachado rapidamente) têm sido interessantes os diálogos com as pessoas que se juntam à porta dos estabelecimentos, trocando uns olhares cúmplices e …dialogando. Uns, é certo, queixosos e reivindicativos e outros mais partilhados e divertidos. A situação é um óptimo desbloqueador de conversas e mesmo eu, que já não estou para essas andanças, já troquei número de telefone com duas jovens amigas entre fumaças!
A única coisa que me parece negativa até agora tem sido a acumulação de pontas de cigarro e copos de plástico junto das portas. Se a humanidade desaparecesse subitamente e, após milhares de anos uma expedição antropológica viesse a terra estudar a nossa civilização, concluiria que as portas de determinados prédios seriam locais de culto pagão e oferendas às divindades.
De uma maneira geral a Lei não tem tido efeitos tão gravosos como pensava. Para mim, tem resultado em poupança em vários aspectos (menos no tabaco). Como menos, leio menos jornais (talvez a actividade de que tenho mais saudade. O estar sentado com o cafezinho e o jornal mas que pretendo recuperar nas esplanadas, assim o tempo o permita), não entro em shoppings nem por ser época de saldos, tomo menos cafés (para reduzir a vontade de fumar).
Tem sido interessante constatar que os hábitos à volta do tabaco vão desaparecendo…e resultado em poupança ao ponto de achar que o aumento do produto não afectará grandemente os meus consumos.
Também me parece que a Lei irá aumentar o meu número de viagens à Espanha (encho o depósito, faço compras e trago tabaco mais barato). Com 15 volumes aguento-me praticamente um ano, poupo uma enormidade, abasteço-me nos saldos espanhóis e estou aqui a pensar em começar a aprender espanhol para ler com mais fluidez porque, assim, poderei também comprar livros mais baratos! Mas isso ainda está no plano dos desejos.
Não sou frequentador de discotecas mas, se o abaixo-assinado vingar as minhas noitadas passarão por estes espaços. Não me parece que adira muito a Casinos apesar dos seus sistemas de exaustão. Acho aqueles espaços um bocadinho deprimente.
Assumi para mim que também deixarei de frequentar espectáculos em espaços fechados, porque dá muito trabalho, nos intervalos, sair do teatro para acalmar o vício e o viver condicionado não é muito engraçado.
Passo apenas a ver concertos em espaços abertos (regresso à juventude, mochila às costas e 'bora aos festivais!).
As férias é que vão ser complicadas e obrigar a custos acrescidos porque terei de viajar para locais mais exóticos e menos politicamente correctos que aceitem um pobre viciado. Comecei a estudar roteiros turísticos que envolvam o prazer do fumo (Turquia, Cuba, Colômbia, etc.). Vai, de facto representar um custo elevado. Tenho pena porque o meu destino preferencial de férias é Portugal. Não há país da Europa mais delicioso para o lazer. Mas não me estou a ver, sinceramente a não poder tirar uma baforada refastelado num bom restaurante no Alentejo, estar a ler no bar de um hotel do Algarve e não poder puxar do maço ou à porta de um pub na Figueira com a bebida na mão. Lamento mas não, obrigado.
As "escapadelas" de fim-de-semana terão de ser menos e mais orientadas para Marrocos, destino mais tolerante (para já) nesta questão.
Apesar de tudo, não sou contra a Lei no que diz respeito ao condicionamento do fumo, embora continue a entender que o livre arbítrio de quem detém a propriedade dos espaços deveria ter sido mais respeitado, abrindo a possibilidade para estabelecimentos para fumadores especificamente (onde até os proprietários poderiam proibir e controlar a presença de quem não fumasse…).
De resto, só posso dizer que a Lei, apesar do aborrecimento circunstancial tem, de facto, aumentado a convivialidade, reduzido os meus consumos acessórios e aberto espaço a novas abordagens dos tempos livres.
Até ver, a Lei que pretende diminuir o ónus do SNS com os tratamentos aos "problemas causados pelo tabaco" tem resultado no aspecto de nos por na rua a aspirar os escapes dos autocarros que insistem em passar nas inspecções de uma forma que ninguém sabe como.
Socialmente, acho que a Lei reabilitou um certo espírito de comunidade. Para os meus lados, quando nos juntamos todos, temos vindo a discutir mais coisas sobre o país, o trabalho e os direitos dos trabalhadores. São autênticas mini comissões. Esta ressurreição do direito de reunião tem sido interessantíssima.
Também após o almoço (agora ligeiro e despachado rapidamente) têm sido interessantes os diálogos com as pessoas que se juntam à porta dos estabelecimentos, trocando uns olhares cúmplices e …dialogando. Uns, é certo, queixosos e reivindicativos e outros mais partilhados e divertidos. A situação é um óptimo desbloqueador de conversas e mesmo eu, que já não estou para essas andanças, já troquei número de telefone com duas jovens amigas entre fumaças!
A única coisa que me parece negativa até agora tem sido a acumulação de pontas de cigarro e copos de plástico junto das portas. Se a humanidade desaparecesse subitamente e, após milhares de anos uma expedição antropológica viesse a terra estudar a nossa civilização, concluiria que as portas de determinados prédios seriam locais de culto pagão e oferendas às divindades.
De uma maneira geral a Lei não tem tido efeitos tão gravosos como pensava. Para mim, tem resultado em poupança em vários aspectos (menos no tabaco). Como menos, leio menos jornais (talvez a actividade de que tenho mais saudade. O estar sentado com o cafezinho e o jornal mas que pretendo recuperar nas esplanadas, assim o tempo o permita), não entro em shoppings nem por ser época de saldos, tomo menos cafés (para reduzir a vontade de fumar).
Tem sido interessante constatar que os hábitos à volta do tabaco vão desaparecendo…e resultado em poupança ao ponto de achar que o aumento do produto não afectará grandemente os meus consumos.
Também me parece que a Lei irá aumentar o meu número de viagens à Espanha (encho o depósito, faço compras e trago tabaco mais barato). Com 15 volumes aguento-me praticamente um ano, poupo uma enormidade, abasteço-me nos saldos espanhóis e estou aqui a pensar em começar a aprender espanhol para ler com mais fluidez porque, assim, poderei também comprar livros mais baratos! Mas isso ainda está no plano dos desejos.
Não sou frequentador de discotecas mas, se o abaixo-assinado vingar as minhas noitadas passarão por estes espaços. Não me parece que adira muito a Casinos apesar dos seus sistemas de exaustão. Acho aqueles espaços um bocadinho deprimente.
Assumi para mim que também deixarei de frequentar espectáculos em espaços fechados, porque dá muito trabalho, nos intervalos, sair do teatro para acalmar o vício e o viver condicionado não é muito engraçado.
Passo apenas a ver concertos em espaços abertos (regresso à juventude, mochila às costas e 'bora aos festivais!).
As férias é que vão ser complicadas e obrigar a custos acrescidos porque terei de viajar para locais mais exóticos e menos politicamente correctos que aceitem um pobre viciado. Comecei a estudar roteiros turísticos que envolvam o prazer do fumo (Turquia, Cuba, Colômbia, etc.). Vai, de facto representar um custo elevado. Tenho pena porque o meu destino preferencial de férias é Portugal. Não há país da Europa mais delicioso para o lazer. Mas não me estou a ver, sinceramente a não poder tirar uma baforada refastelado num bom restaurante no Alentejo, estar a ler no bar de um hotel do Algarve e não poder puxar do maço ou à porta de um pub na Figueira com a bebida na mão. Lamento mas não, obrigado.
As "escapadelas" de fim-de-semana terão de ser menos e mais orientadas para Marrocos, destino mais tolerante (para já) nesta questão.
Apesar de tudo, não sou contra a Lei no que diz respeito ao condicionamento do fumo, embora continue a entender que o livre arbítrio de quem detém a propriedade dos espaços deveria ter sido mais respeitado, abrindo a possibilidade para estabelecimentos para fumadores especificamente (onde até os proprietários poderiam proibir e controlar a presença de quem não fumasse…).
De resto, só posso dizer que a Lei, apesar do aborrecimento circunstancial tem, de facto, aumentado a convivialidade, reduzido os meus consumos acessórios e aberto espaço a novas abordagens dos tempos livres.
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