2ª Parte
4. A propaganda deve afectar a acção do inimigo:
Suprimindo quaisquer informações que possam ser úteis ao inimigo.
Disseminando abertamente propaganda cujo conteúdo ou tom levem o inimigo a concluir o que se quer que ele conclua
Levando o inimigo a revelar informações vitais sobre ele mesmo
Omitindo qualquer referência a uma actividade inimiga desejável quando a referência possa levar esta actividade a ser abandonada pelo inimigo
A transmissão eficaz passa pela propaganda negativa (os defeitos do inimigo, a sua anulação/humilhação através de sistemas de informação noticiosos e outros, denegrindo a imagem, inventando factos, etc. Para isso, as elites no poder contam com o trabalhador da informação (reparem que não o chamei de jornalistas), homens de campo que, por insinuações, nuances no texto de uma notícia ou títulos erróneos, encaminham o consumidor para o desvio pretendido. Toda esta estratégia pode ser realizada em veículos de informação próprios (são já célebres as cartas que certos políticos mandam à população utilizando o erário público) mas, actualmente, o sistema preferido é a “compra” de espaço e “ expertizers” rádio televisivos para passar a sua mensagem. Também há uma “entourage” própria no “jornalismo de opinião” a fazê-lo embora de uma forma menos ofensiva, que isso das letras obriga a reflectir!
5. Informações operacionais que não sejam secretas devem estar à disposição para a implementação de campanhas de propaganda
Muito utilizadas para a criação do “circo”. Dizer que o poder instituído irá fazer isto ou aquilo, ou aponta esta ou aquela área que necessita de uma intervenção há muito tempo ou a visita do político - protagonista às áreas para “identificar in loco” as necessidades (como se não fossem conhecidas!) criam uma intenção de que, num futuro eleitoral qualquer essas serão as áreas ou problemas a rechear de soluções e recursos, de modo a protagonizar o fabuloso efeito de, sem intervir, iniciar o processo de intervenção, mediante a pequena notícia encomendada a referencia aqui e ali , etc., e devidamente gerida localmente pelos homens de mão ou os próprios serviços do estado que vão subtilmente aparecendo para a realização de uma pequena obra, um arranjo visível, um “estamos fazendo”.
6. Para que seja eficiente, a propaganda deve despertar o interesse do público e ser transmitida por um meio de comunicação atractivo.
Tem a ver com o desenvolvimento de um estilo: folclórico, truculento, intelectual, pragmático e paternalista são os modelos mais comuns utilizados no território nacional. O tecnocrata e o sensibilizado são mais anglófonos; o intelectual e o napoleónico tem boa aceitação nos francófonos; o consensual e intransigente, mais germânicos.
A demagogia está implícita aos perfis individuais e as reais capacidades de um homem (enquanto imagem de um grupo, representante de grupos económicos e interesses instalados) perante o seu público.
É notório no nosso espectro político dois tipos diferentes de entoação discursiva: o canónico (ninguém se pergunta porque há políticos que parecem padres de aldeia a falar, com aquela entoação deferencial, redonda, de conselheiro enfatuado ou de padreco apaixonado pelas questões que lhe colocam) ou, no oposto, o estilo “broeiro”, (que faz corar de vergonha o homem do tasco, truculento, infantil e refilão?)
Comunicar a ausência de ideias, de políticas e de intenções leva tempo a treinar, a desenvolver e a personalizar. A mentira é mais simples de gerir, embora a ambiguidade discursiva seja sempre mais adequada (há pessoas capazes de, no mesmo discurso defender princípios opostos).
Com o fim dos debates ideológicos, a vacuidade de conteúdo humano é muito notória. É uma chatice não ter mais Soares, Cunhal, Sá Carneiro e Freitas do Amaral. Hoje em dia não há paciência para ouvir um político na TV.
7. Não importa se o material de propaganda é verdadeiro ou falso, desde que as pessoas acreditem nele.
Não há município do território nacional que não tenha a sua revista, o seu folheto, a sua página Web. Pejadas de fotos e textos congratulatórios (no Porto já pertence ao anedotário nacional! Só falta dizer que foi Rui Rio que expulsou os Mouros e criou o Vinho do Porto).
Há quem chegue ao ridículo de sustentar blogs onde escrevem os gratos munícipes a entoar loas ao bem amado.
Distribuição gratuita e massiva, logótipos estrategicamente colocados em actividades promovidas e executadas por outros (devidamente subsidiado), aparições públicas estratégicas em eventos de massa, enfim, uma panóplia de pequenos trunfos que fazem passar a imagem do homem sério, bom e interessado.
Quem não vai no conto, já sabe: é um mandrião, um aproveitador do bem público ou invejoso.
(continua)
4. A propaganda deve afectar a acção do inimigo:
Suprimindo quaisquer informações que possam ser úteis ao inimigo.
Disseminando abertamente propaganda cujo conteúdo ou tom levem o inimigo a concluir o que se quer que ele conclua
Levando o inimigo a revelar informações vitais sobre ele mesmo
Omitindo qualquer referência a uma actividade inimiga desejável quando a referência possa levar esta actividade a ser abandonada pelo inimigo
A transmissão eficaz passa pela propaganda negativa (os defeitos do inimigo, a sua anulação/humilhação através de sistemas de informação noticiosos e outros, denegrindo a imagem, inventando factos, etc. Para isso, as elites no poder contam com o trabalhador da informação (reparem que não o chamei de jornalistas), homens de campo que, por insinuações, nuances no texto de uma notícia ou títulos erróneos, encaminham o consumidor para o desvio pretendido. Toda esta estratégia pode ser realizada em veículos de informação próprios (são já célebres as cartas que certos políticos mandam à população utilizando o erário público) mas, actualmente, o sistema preferido é a “compra” de espaço e “ expertizers” rádio televisivos para passar a sua mensagem. Também há uma “entourage” própria no “jornalismo de opinião” a fazê-lo embora de uma forma menos ofensiva, que isso das letras obriga a reflectir!
5. Informações operacionais que não sejam secretas devem estar à disposição para a implementação de campanhas de propaganda
Muito utilizadas para a criação do “circo”. Dizer que o poder instituído irá fazer isto ou aquilo, ou aponta esta ou aquela área que necessita de uma intervenção há muito tempo ou a visita do político - protagonista às áreas para “identificar in loco” as necessidades (como se não fossem conhecidas!) criam uma intenção de que, num futuro eleitoral qualquer essas serão as áreas ou problemas a rechear de soluções e recursos, de modo a protagonizar o fabuloso efeito de, sem intervir, iniciar o processo de intervenção, mediante a pequena notícia encomendada a referencia aqui e ali , etc., e devidamente gerida localmente pelos homens de mão ou os próprios serviços do estado que vão subtilmente aparecendo para a realização de uma pequena obra, um arranjo visível, um “estamos fazendo”.
6. Para que seja eficiente, a propaganda deve despertar o interesse do público e ser transmitida por um meio de comunicação atractivo.
Tem a ver com o desenvolvimento de um estilo: folclórico, truculento, intelectual, pragmático e paternalista são os modelos mais comuns utilizados no território nacional. O tecnocrata e o sensibilizado são mais anglófonos; o intelectual e o napoleónico tem boa aceitação nos francófonos; o consensual e intransigente, mais germânicos.
A demagogia está implícita aos perfis individuais e as reais capacidades de um homem (enquanto imagem de um grupo, representante de grupos económicos e interesses instalados) perante o seu público.
É notório no nosso espectro político dois tipos diferentes de entoação discursiva: o canónico (ninguém se pergunta porque há políticos que parecem padres de aldeia a falar, com aquela entoação deferencial, redonda, de conselheiro enfatuado ou de padreco apaixonado pelas questões que lhe colocam) ou, no oposto, o estilo “broeiro”, (que faz corar de vergonha o homem do tasco, truculento, infantil e refilão?)
Comunicar a ausência de ideias, de políticas e de intenções leva tempo a treinar, a desenvolver e a personalizar. A mentira é mais simples de gerir, embora a ambiguidade discursiva seja sempre mais adequada (há pessoas capazes de, no mesmo discurso defender princípios opostos).
Com o fim dos debates ideológicos, a vacuidade de conteúdo humano é muito notória. É uma chatice não ter mais Soares, Cunhal, Sá Carneiro e Freitas do Amaral. Hoje em dia não há paciência para ouvir um político na TV.
7. Não importa se o material de propaganda é verdadeiro ou falso, desde que as pessoas acreditem nele.
Não há município do território nacional que não tenha a sua revista, o seu folheto, a sua página Web. Pejadas de fotos e textos congratulatórios (no Porto já pertence ao anedotário nacional! Só falta dizer que foi Rui Rio que expulsou os Mouros e criou o Vinho do Porto).
Há quem chegue ao ridículo de sustentar blogs onde escrevem os gratos munícipes a entoar loas ao bem amado.
Distribuição gratuita e massiva, logótipos estrategicamente colocados em actividades promovidas e executadas por outros (devidamente subsidiado), aparições públicas estratégicas em eventos de massa, enfim, uma panóplia de pequenos trunfos que fazem passar a imagem do homem sério, bom e interessado.
Quem não vai no conto, já sabe: é um mandrião, um aproveitador do bem público ou invejoso.
(continua)
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