No dia 19 de Setembro passado surgiu esta notícia: "A Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, admoestou hoje severamente o director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Mohamed El Baradei, intimidando-o a não se imiscuir em questões diplomáticas. Interrogada, numa escala realizada na base de Shannon, na Irlanda, no avião que a conduz ao Médio Oriente, sobre as recentes críticas do líder da AIEA, coincidentes com as dos que receiam o início de uma nova guerra para forçar o Irão a renunciar ao seu programa nuclear, a chefe da diplomacia norte-americana irritou-se. «Permitam-me começar pelo facto de que o trabalho da AIEA não é fazer diplomacia», disse Condoleezza Rice, lembrando que ElBaradei, que ganhou o Prémio Nobel da Paz em 2005, trabalha sob a autoridade da ONU. «A AEIA é uma agência técnica que tem um conselho de governadores, do qual os Estados Unidos são membros», sublinhou. «O papel da AIEA é o de conduzir inspecções, relatar actividades, assegurar-se de que os diversos acordos que os Estados assinaram estão a ser respeitados». Na segunda-feira, ElBaradei rejeitou, em Viena, a perspectiva de uma opção militar contra o Irão. «Devemos lembrar-nos sempre que o uso da força só pode ser encarado quando todas as outras opções estejam esgotadas. Não ceio de todo que estejamos nesse ponto», disse."
Tudo isto está relacionado às afirmações do Ministro dos Negócios Estrangeiros francês acerca da possibilidade de, no caso do Irão insistir no seu programa nuclear, a França encarar a opção militar.
Ora bem, de facto a AIEA é uma agência da ONU, não me parece é que os EUA sejam donos da instituição, a ideia é participarem e nela delegarem competências. Deste modo, o representante da agência das Nações Unidas tem todo o direito de manifestar a sua opinião, por maioria de razão quando as declarações do representante de um Estado vêm atrapalhar o seu trabalho.
Já tinhamos reparado que para os EUA o anterior secretário-geral Kofi Annan se tornara incómodo, insistia em ter opinião. Também se percebe que o que esperam do senhor Ban Ki-moon é o inverso e, realmente, não vi ninguém a defender a posição de El Baradei, e muito menos a criticar as declarações da sra. Rice. E isto preocupa-me, o enfraquecimento da ONU é um problema sério e de mau agoiro.
Se a questão entre o Rei Juan Carlos e o Presidente Chávez apaixonou a opinião pública, porquê é que esta foi ignorada? Era menos folclórica? Embarcamos todos no espectáculo? Ou será que já ninguém liga à Condoleezza porque é ano de eleições americanas?
Agora temos novo episódio no estreito de Ormuz, a administração Bush, igual a si própria continua a pugnar por manter a tensão na zona, falamos de uma zona importante em termos de transporte de petróleo (cerca de 17 milhões de barris de petróleo bruto passam diariamente o estreito de Ormuz), este episódio não contribuirá para descer os preços, isso é certo. Ao Irão a situação também interessa em termos políticos e em termos económicos não o prejudica assim tanto. Mas será interessante analisar quem beneficia realmente com a alta do preço do petróleo.
São as empresas que têm contratos de exploração extensiva. Claro que os países produtores baixam as quotas (são eles que controlam o volume de extracção porque os contratos assim o determinam) porque a percentagem é fixa e convém fazer "render o peixe". Mas nos mercados, os ganhos vão para multinacionais da extracção onde a família Bush e do vice-presidente têm interesses objectivos e concretos. Já o pai Bush tinha recorrido a esta "habilidade" com o Iraque e aproveitou a guerra para subir temporariamente os preços do petróleo, colocar uma base militar no Kwait (que, por sentir-se vulnerável, não queria os americanos em seu território) e satisfazer o regime corrupto saudita, retirando Saddam do mapa (que escapou à primeira guerra porque era aliado dos EUA contra o terrorismo iraniano).
De facto a diplomacia tem mais que se lhe diga!
HH & Vinhas
Tudo isto está relacionado às afirmações do Ministro dos Negócios Estrangeiros francês acerca da possibilidade de, no caso do Irão insistir no seu programa nuclear, a França encarar a opção militar.
Ora bem, de facto a AIEA é uma agência da ONU, não me parece é que os EUA sejam donos da instituição, a ideia é participarem e nela delegarem competências. Deste modo, o representante da agência das Nações Unidas tem todo o direito de manifestar a sua opinião, por maioria de razão quando as declarações do representante de um Estado vêm atrapalhar o seu trabalho.
Já tinhamos reparado que para os EUA o anterior secretário-geral Kofi Annan se tornara incómodo, insistia em ter opinião. Também se percebe que o que esperam do senhor Ban Ki-moon é o inverso e, realmente, não vi ninguém a defender a posição de El Baradei, e muito menos a criticar as declarações da sra. Rice. E isto preocupa-me, o enfraquecimento da ONU é um problema sério e de mau agoiro.
Se a questão entre o Rei Juan Carlos e o Presidente Chávez apaixonou a opinião pública, porquê é que esta foi ignorada? Era menos folclórica? Embarcamos todos no espectáculo? Ou será que já ninguém liga à Condoleezza porque é ano de eleições americanas?
Agora temos novo episódio no estreito de Ormuz, a administração Bush, igual a si própria continua a pugnar por manter a tensão na zona, falamos de uma zona importante em termos de transporte de petróleo (cerca de 17 milhões de barris de petróleo bruto passam diariamente o estreito de Ormuz), este episódio não contribuirá para descer os preços, isso é certo. Ao Irão a situação também interessa em termos políticos e em termos económicos não o prejudica assim tanto. Mas será interessante analisar quem beneficia realmente com a alta do preço do petróleo.
São as empresas que têm contratos de exploração extensiva. Claro que os países produtores baixam as quotas (são eles que controlam o volume de extracção porque os contratos assim o determinam) porque a percentagem é fixa e convém fazer "render o peixe". Mas nos mercados, os ganhos vão para multinacionais da extracção onde a família Bush e do vice-presidente têm interesses objectivos e concretos. Já o pai Bush tinha recorrido a esta "habilidade" com o Iraque e aproveitou a guerra para subir temporariamente os preços do petróleo, colocar uma base militar no Kwait (que, por sentir-se vulnerável, não queria os americanos em seu território) e satisfazer o regime corrupto saudita, retirando Saddam do mapa (que escapou à primeira guerra porque era aliado dos EUA contra o terrorismo iraniano).
De facto a diplomacia tem mais que se lhe diga!
HH & Vinhas
Comentários